A TURMA DO PERERÊ - 365 DIAS NA MATA DO FUNDÃO
Título: A TURMA DO PERERÊ - 365 DIAS NA MATA DO FUNDÃO (Editora
Globo) - Edição especial
Autores: Ziraldo e equipe (textos e desenhos).
Preço: R$ 28,00
Número de páginas: 112
Data de lançamento: Janeiro de 2007
Sinopse: Coletânea temática com 20 histórias clássicas da Turma do Pererê.
Positivo/Negativo: Primeiro, a má notícia: a Editora Salamandra não irá mais publicar a série Todo Pererê, que pretendia reeditar as histórias em quadrinhos do personagem de Ziraldo em 22 volumes (foram lançados apenas três).
A boa (ou melhor, excelente) notícia é que a Editora Globo trouxe de volta o moleque perneta e seus amigos nesta edição especial, e a tiracolo a intenção de lançar mais coletâneas com histórias clássicas e edições com aventuras inéditas.
Em A Turma do Pererê - 365 dias na Mata do Fundão, o leitor é convidado a passar um ano inteiro com o Saci e sua trupe revivendo histórias antigas - algumas com páginas refeitas - cheias de humor e cultura popular, celebrando o Brasil sem pieguice ou ufanismo, com uma pitada de temática social aqui e outra política acolá, destacando as principais datas comemorativas do País.
Histórias como Malhando o Judas e O milagre, somente para citar duas das melhores do álbum, fazem valer a pena a aceitação desse convite. Assim como a grande maioria das aventuras do Saci, elas exploram temas populares e situações do cotidiano das cidadezinhas interioranas de uma forma que mesmo quem nunca vivenciou consegue se sentir familiarizado e participando de tudo aquilo.
E, mais uma vez, é preciso destacar o ponto forte das HQs do Saci: os diálogos, que são muitos e a principal fonte das sacadas de humor das tramas. Somando-se ao traço marcante e único de Ziraldo, tem-se aí uma primorosa seleção de histórias em quadrinhos.
Mas nem tudo são flores...
Apesar de haver textos de apresentação bastante elucidativos e bem ilustrados sobre os personagens e a Mata do Fundão, faltou História (com H maiúsculo) nesta coletânea.
Afinal, a Turma do Pererê é uma das mais importantes HQs brasileiras em todos os tempos, ganhou diversos prêmios e foi pioneira no País entre as produções genuinamente tupiniquins em quesitos como quadrinho de autor, revista de um só personagem e edição inteiramente colorida.
No entanto, nada disso foi mencionado na edição. Não há sequer a informação de quando os personagens foram criados, e muito menos a indicação das datas em que as aventuras foram originalmente publicadas. Perdeu-se, assim, uma boa oportunidade de fazer os novos leitores se aprofundarem mais no universo do Saci e reavivar a memória dos fãs veteranos.
Um bom exemplo desse descaso nas informações está em O Dia das Mães e Férias. Na primeira (e no texto de apresentação no início do álbum), a coruja sábia da mata é chamada de Professor Nogueira; na outra, o Saci a chama de General.
Muitos leitores devem ter ficado confusos, mas a explicação, que não consta da edição, é simples: General era o nome do personagem quando foi criado em 1960; depois, graças à ditadura militar que se instaurou no Brasil, Ziraldo se viu obrigado a rebatizá-lo.
Também vale registrar que, a despeito do belo acabamento gráfico (capa cartonada com orelhas, ilustrações destacadas em verniz e miolo em papel especial), há muitas páginas em que os textos dos balões estão "desbotados", ganhando uma feia coloração cinza-claro.
Entretanto, como tudo isso pode ser resolvido nos próximos lançamentos, o melhor é apreciar cada uma dessas histórias que cumprem com mestria seu papel de divertir e fazem A Turma do Pererê - 365 dias na Mata do Fundão merecer um lugar de destaque na estante de qualquer colecionador de quadrinhos.
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