Abaité – Bandeirantes
Editora: independente – Edição especial
Autores: Richard Dantas (roteiro) e Leonardo Furtado (arte).
Preço: R$ 24,00
Número de páginas: 72
Data de lançamento: Julho de 2013
Sinopse
Liderados pelo Capitão Dias, diversos bandeirantes exploram as matas brasileiras do Século 17 atrás de tesouros. No caminho, dizimam várias tribos indígenas que encontram pela frente. Até encontrar uma que revidará.
Positivo / Negativo
A história de Abaité se passa no Brasil colonial e, logo no início, o grupo de bandeirantes já se encontra com um número reduzido, com seus integrantes cansados e um deles gravemente ferido.
Eles fogem da ameaça dos índios, à procura de um local seguro onde possam descansar e tentar salvar suas vidas. Com o desenrolar da trama, é mostrado que o grupo estava à procura de tesouros escondidos pela terra, como faziam quase todos os bandeirantes. E se estes encontravam alguma tribo indígena, não poupavam esforços e violência para tomar seus pertences e se divertirem à custa da sua miséria.
Essa parte histórica do álbum, escrito por Richard Dantas, é muito interessante, pois pinta um quadro mais fidedigno de como realmente eram os bandeirantes, e não como apenas os “desbravadores do Brasil”, como é ensinado nas escolas.
O clímax da trama acontece quando uma tribo é destruída de forma extremamente violenta, com cenas realistas, abusando do sangue e mostrando corpos sendo dilacerados. Também há menções de estupro e mortes de crianças e idosos, deixando tudo muito duro.
No entanto, o que os bandeirantes não esperavam era que os sobreviventes revidassem.
A vingança é fria e calculada. Acontece muito depois do ataque e dá uma sensação de justiça, de “aqui se faz, aqui se paga”.
Mas, ao mesmo tempo, isso incomoda um pouco, pois essa característica vingativa não faz parte da cultura indígena, ou pelo menos de sua grande maioria. Ainda assim, é fácil sacar que faz parte do mundo construído em Abaité e funciona muito bem nele.
No geral, a trama é fluída, bem aventuresca e prende o leitor do início ao fim. E, mesmo que já dê para suspeitar como vai acontecer, o final não é previsível e chato. Pelo contrário, é bem construído e amarrado.
Abaité é bem honesto em todas suas cenas. Não é apenas na invasão à tribo indígena que a violência está presente, mas durante toda a obra; tanto nas lutas com muito sangue quanto nas sequências de sexo não há pudor.
Um porém da obra é a arte de Leonardo Furtado Duarte, que é extremamente “rabiscada”. Sim, a ideia era trabalhar sem a arte-final em nanquim e está longe de estar malfeita ou feia, mas pecou pelo excesso.
Talvez fosse essa a intenção, mas cria um desconforto que poderia ter sido evitado, tornando a leitura ainda mais fluida e gostosa.
A edição tem capa cartonada e é impressa em papel pólen, com bom acabamento. E o formato magazine valoriza a obra.
Esta HQ independente foi realizada por meio da união de dois apoios bem distintos: o prêmio do FACULT – Concurso de Apoio a Projetos Culturais Independentes no Município de Santos/SP e o Catarse, uma ferramenta online que possibilita o financiamento de projetos em diversas áreas, inclusive quadrinhos, por qualquer pessoa.
Isso só reafirma a ideia de que o mercado brasileiro tem muito a crescer e, com a devida ajuda, muitas obras podem continuar sendo produzidas sem depender de editoras maiores.
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