ADOLF #3
Título: ADOLF #3 (Conrad
Editora) - Série bimestral
Autor: Osamu Tezuka (texto e arte)
Preço: R$ 27,90
Número de páginas: 272
Data de lançamento: Outubro de 2006
Sinopse: Na Europa, os nazistas conquistam suas primeiras vitórias e começam a apertar o cerco contra os judeus. E a situação passa a piorar no mundo inteiro.
No Japão, então um país aliado dos alemães, Toge, mesmo perseguido, reencontra a carta que denuncia as origens hebraicas de Hitler. A missiva cai nas mãos do judeu Adolf Camil, que promete protegê-la.
Enquanto isso, na Alemanha, Adolf Kaufmann cresce na hierarquia nazista, chegando a se tornar aprendiz de secretário do Führer.
No entanto, o jovem começa a questionar alguns dos princípios da doutrina alemã quando é obrigado a matar o pai de seu melhor amigo e se apaixona por Elisa, uma mocinha judia.
Positivo/Negativo: Osamu Tezuka é um autor fascinante. Em Buda, série em 14 partes lançada pela mesma Conrad, ele usou a biografia de um líder espiritual para mostrar, com humor e alta carga dramática, a grandeza da humanidade e destacar o que vale a pena no mundo. Em Adolf, o mangaká faz o caminho oposto - e traz à tona o que o homem pode fazer de pior.
O cenário é a Segunda Guerra Mundial. Na história, há três Adolfs: o alemão com ascendência japonesa Kaufmann, o judeu Camil e o próprio Hitler. E ainda há outro protagonista: Sohei Toge, irmão de um japonês que descobriu a ascendência judaica de Hitler - fato que pode abalar os brios e a estrutura do regime nazista, calcado na falácia da superioridade da raça ariana.
A vida dos personagens é mostrada separadamente, com capítulos dedicados a cada um deles. É uma estrutura clássica de romance, algo pouco comum de se ver nas histórias em quadrinhos, mas que Tezuka domina com habilidade.
Em Adolf, diferentemente de Buda e de boa parte da obra do autor, não há espaço para o humor. A opressão de Berlim é pesadíssima e domina o mundo inteiro, interferindo no cotidiano de gente boa e querida.
Tecnicamente, a leitura flui e a narrativa é impecável. Porém, não é fácil atravessar as páginas da história. Adolf é uma HQ dolorosa para o leitor. E isso se intensifica cada vez mais na medida em que os nazistas ganham poder. Ver o jovem Kaufmann matar o pai de seu melhor amigo é quase insuportável. Nem mesmo sua paixão por Elisa é redentora. A amada, afinal, nasceu da raça que ele aprendeu a odiar. No conflito de sentimentos, sobram tabefes e ameaças a mão armada na tentativa de salvar sua vida.
É difícil definir uma obra-prima de Tezuka. Há muitas, praticamente todas inéditas no Brasil. O melhor mesmo é considerar que se está diante de um autor essencial para os quadrinhos - e também para a humanidade.
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