ADOLF # 5
Título: ADOLF # 5 (Conrad
Editora) - Série bimestral
Autor: Osamu Tezuka (texto e arte).
Preço: R$ 27,90
Número de páginas: 272
Data de lançamento: Fevereiro de 2006
Sinopse: O fim da Segunda Guerra e a falência do regime nazista formam o cenário do reencontro dos dois Adolfs. A celebração cínica de uma velha amizade (afinal, Kaufmann matara o pai de Camil) logo em seguida se torna um confronto - não só pelas posições ideológicas opostas, mas também porque ambos amam a mesma mulher, a judia Elisa.
O volume conduz os dois personagens até o final de suas vidas, já em outras trincheiras, no Oriente Médio, no conflito entre judeus e palestinos.
Positivo/Negativo: Osamu Tezuka é um perfeccionista incurável. Num texto publicado nas páginas derradeiras desta edição, a última da série, lamenta por não ter conseguido realizar um desfecho melhor para Adolf. Revela que deixou diversos personagens com o destino em aberto. Chega a desqualificar seu final, como se o leitor merecesse algo muito melhor.
As opiniões do mangaká têm que ser relativizadas. É verdade, sim, que muitos dos personagens ficam sem um desfecho forte, mas, na própria obra, a impressão que se tem é de que a guerra dá conta de amenizar esse problema. Com o Japão devastado, nada mais natural que as pessoas se desencontrarem.
Há até casos em que se evidencia o exagero de Tezuka. Para Lamp, ser o assassino de Hitler é um belíssimo final, embora o autor discorde. Afinal, poucas coisas podem ser mais fortes do que revirar o suicídio do líder nazista de forma que ele encare suas origens judaicas.
Também é um fato que há saltos temporais abruptos nos dois últimos capítulos, mas isso tem seus méritos: liga a Segunda Guerra aos conflitos no Oriente Médio, dando um final histórico e inesperado para a trama dos dois Adolf.
E ainda dá tempo para Toge, o narrador da trama, mudar sua vida e se tornar o escritor que escreverá um romance sobre o drama que presenciou.
O perfeccionismo de Tezuka, que já foi exaltado em sua biografia em quatro volumes (em mangá, também publicada pela Conrad), é uma marca do autor - e o que faz possível a publicação de tantas obras-primas. Mas o leitor nem sempre pode ir na sua "onda": apesar dos pequenos defeitos, Adolf é um mangá admirável que tem, sim, um último volume empolgante.
De todos os títulos de Tezuka, somente Adolf, Buda (da Conrad) e A Princesa e o Cavaleiro (JBC) saíram no Brasil. Faltam ainda muitas obras-primas. Há algumas semanas, a Panini anunciou um mangá com um de seus personagens mais famosos, Astro Boy, mas que virá em nova versão, refeita para combinar com uma série mais atual de desenhos animados. Seria uma pena se a publicação de Tezuka em nossas terras parasse por aí.
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