Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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ALMANAQUE DE BATMAN

1 dezembro 2004


Autores: O circo do crime do Coringa - Bill Finger (história),
Bob Kane (desenhos), Jerry Robinson e George Roussos (arte-final), mas
só há créditos para Kane;

O caso que Batman não resolveu - Joe Samachson (provável roteirista)
e Jerry Robinson (arte);

O ódio do carrasco - John Broome (história) e Carmine Infantino
e Joe Giella (arte);

O tempo está quente em Gotham! - Mike Friedrich (história), Irv
Novick e Dick Giordano (arte);

O fantasma do matador dos céus! - Denny O'Neil (escritor), Neal
Adams e Dick Giordano (arte).

Preço: Cr$ 15,00 (preço da época)

Número de páginas: 64 páginas, formato tablóide (36 x 27,5 cm)

Data de lançamento: 1975

Sinopse: Um típico almanaque formato tablóide da Ebal, com
cinco histórias e diversos extras. Aventuras do Batman de épocas distintas
e apresentadas por artistas distintos.

Na revista, é possível conferir a evolução do traço e do texto das histórias
de um dos mais importantes ícones das HQs.

Positivo/Negativo: Apesar de creditada apenas a Bob kane, é marcante
a influência do lápis de Jerry Robinson e da arte-final de George Roussos.
Para dar conta da grande quantidade de trabalho, o "pai" de Batman reuniu
um grupo de assistentes fantasmas instruídos ora a desenhar, ora a passar
nanquim em seus desenhos, seguindo algumas regras para não mudar o padrão
do personagem.

Felizmente, Robinson esqueceu as instruções e não seguiu o estilo de Kane
à risca. Algumas vezes, como na história O circo do crime do Coringa,
ele aplicou profundidade ao desenho colocando sombras e hachuras, dando
um toque sombrio às histórias. O artista ficou famoso por criar alguns
dos principais personagens do Universo de Batman, como a Mulher-Gato,
o Pingüim, Robin e Coringa.

A segunda história, O caso que Batman não resolveu, não foi apenas
arte-finalizada, mas desenhada por Robinson. Nela, são mais nítidas as
diferenças entre a arte de Robinson e de Kane.

A capa do Morcego, retratada semi-rígida por Kane, ganhou fluidez no lápis
de Robinson. O artista, livre das amarras do desenho do patrão, deu ainda
mais volume aos personagens.

A partir da história O ódio do carrasco, é nítida a evolução no
visual do Batman. Carmine Infantino, com seu traço realista e firme, deu
nova vida ao personagem usando ângulos inusitados, pouco cenário e detalhamento
na imagem principal.

Nas suas mãos, apesar de alguns problemas de proporção, como pernas curtas
ou crânios muito grandes, a arte deu um grande salto de qualidade. Mas
e o padrão Batman de Bob Kane? Como ficava a identificação do personagem
que seu criador tanto prezava?

E pior: muitos bons artistas antes de Infantino já tinham "temperado"
o Batman, e era assim que os leitores gostavam... Certa vez, Joe Giella
recebeu uma tarefa sui generis: além de arte-finalizar e eventualmente
desenhar, tinha de fazer isso imitando o estilo Kane, mas não o original!
Ele veria reproduzir o "estilo Bob Kane feito por Sheldon Moldoff".

As duas últimas histórias da edição, O tempo está quente em Gotham
e O fantasma do matador dos céus, com arte, respectivamente, de
Irv Novick e Dick Giordano e Neal Adams e Dick Giordano, são "show de
bola".

Novick apresenta um Batman com cara de poucos amigos. Seu desenho firme
e seu estilo de narrativa gráfica, alterando a passagem de quadros (ora
ação a ação, ora cena a cena), aliado ao seu domínio no uso de luz e sombra,
imprimem um ar quase cinematográfico à sua arte.

Neal Adams, não deixa por menos. Apesar de ser um pouco menos detalhista
que Novick, extrai o máximo de movimento de seus personagens. A capa do
seu Batman só falta tremular no quadrinho, a variedade de enquadramentos
e decupagem de página é outro ponto forte das suas histórias. Sua narrativa
é rica e inusitada, e não é à toa que os fãs do Morcego o elegem como
um dos maiores desenhistas do personagem em todos os tempos.

Aliás, vale a pena, comparar os desenhos e os estilos de narrativa que
se sucedem nesse magnífico almanaque da Ebal.

Como está explicitado na capa, a edição traz ainda pôsteres coloridos
do Batman, Coringa e Pingüim. Na última página, Carmine Infantino dá algumas
dicas de como desenhar o Morcego, e, de brinde, na quarta capa um cenário
para recortar (argh!) e montar, no qual aparece o Cavaleiro das Trevas,
sob a luz do luar, salvando uma donzela em perigo.

Na terceira capa, um mimo para os nostálgicos fãs dos seriados do cinema
e da TV: fotos dos esquisitíssimos Lewis Wilson e Douglas Croft (Batman
e Robin de 1943), dos onomatopéicos Adam West e Burt Ward (da série de
1966), o magistral Cesar Romero (Coringa), o hilário Frank Gorshin (Charada),
o excelente Burgess Meredith (Pingüim) e, claro, a linda, estonteante,
graciosa e sobretudo ronronante Julie Newmar (a melhor Mulher-Gato de
todos os tempos).

Classificação:

4,0

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