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ALMANAQUE DO DICO # 1

Por Delfin
1 dezembro 2010

ALMANAQUE DO DICO # 1

Editora: RGE - Edição especial

Autores: Alfredo Grassi (roteiro), Lucho Olivera e Carlos Pedrazzini (arte) e José Menezes (roteiro e arte da história extra).

Preço: Cr$ 35,00 (preço da época)

Número de páginas: 88

Data de lançamento: Junho/Junho de 1980

 

Sinopse

Um episódio especial na vida de Dico é relembrado por um cronista. Em outra história, ele e outros jogadores do Estrela se envolvem num perigoso sequestro.

E uma história extra narra a heroica conquista do primeiro tricampeonato carioca do Flamengo, em 1944.

Positivo/Negativo

Dick, el artillero foi uma série de quadrinhos argentina criada para o syndicate norte-americano King, em 1971. Também conhecida pelo seu nome americano, Gunner, tinha inicialmente roteiros de Alfredo Julio Grassi e desenhos do talentoso José Luis Salinas.

A iniciativa, em parte, foi tomada para suprir os leitores latinos que viviam nos Estados Unidos com aventuras que tivessem heróis críveis para este público. Em forma de tiras, a criação contou com seu time original por um ano, quando Salinas saiu para trabalhar com a inglesa Fleetway. Outros desenhistas assumiram o posto, como os argentinos Carlos Pedrazzini e Lucho Olivera.

Apesar disso, demorou alguns anos para que o material finalmente aportasse em terras platinas, especificamente no periódico La Prensa, no qual finalmente encontrou seu verdadeiro público.

Sucesso no país vizinho, Dick chegou ao Brasil pela RGE, em 1975. Ganhou uma capa chamativa de Walmir Amaral e um novo nome, Dico. Uma aposta feliz, provavelmente influenciada pelo sucesso repentino que, um ano antes, um garoto fazia com a recém-conquistada camisa 10 do time mais popular do Rio de Janeiro, o Flamengo.

Uma relação indissolúvel se fez entre Zico, o artilheiro da vida real, e Dico, o goleador inventado na Argentina, o que contribuiu para o sucesso da revista no Brasil.

Zico, alguns anos depois, se estabeleceu como o maior artilheiro da história do Flamengo, especificamente em 1979, quando fez o seu gol número 245 com a camisa rubro-negra, superando a marca do mestre Dida, um dos grandes ídolos da história do clube.

Em 1980, o Flamengo já tinha um tricampeonato carioca nas mãos, o terceiro da história, e conquistara, especificamente no primeiro dia do mês de junho daquele ano, seu primeiro Campeonato Brasileiro, numa batalha heroica entre o time de Zico e Nunes e o verdadeiro selecionado mineiro, comandado por Reinaldo e Toninho Cerezo.

Portanto, quando a edição do primeiro Almanaque do Dico chegou às bancas, em meados daquele mês, o artilheiro dos quadrinhos tinha uma parada dura para disputar.

Afinal, a realidade superava - e muito - a ficção. Mas o artilheiro do Estrela - o time de Dico, que, para azar dos coloristas da época, era azul e preto - ganharia um reforço para esta edição, que salvou a pátria da editora: uma história extra, sobre o primeiro tri carioca do Flamengo.

Escrita por José Menezes (carioca nascido em 1933 no Rio de Janeiro, pertencente à equipe fixa de desenhistas da RGE e um garoto quando o Flamengo alcançou o primeiro feito de real vulto de sua história), é uma pequena saga de dez páginas. Ela conta sobre o ano de 1944, que começou complicado para o rubro-negro e que teve elementos épicos durante os meses da competição que levaram o escrete da Gávea a uma vitória final maiúscula contra o Vasco da Gama. Ao final, o tri estava garantido.

O valor histórico desta homenagem em quadrinhos se revelaria, aos olhos da história e dos acontecimentos da vida real, muito mais relevante do que mais uma cansativa vitória do Estrela sobre o Nacional ou o Atlético Clube (outra coincidência: o Atlético da ficção também era considerado o mais forte rival do time de Dico). Mesmo com um sequestrinho no meio, porque nem só de futebol vivem os craques, não é mesmo?

O resto da revista é só mais ou menos empolgante. Trinta anos depois, Dico soa tão heroico e bem-educado que quase mereceria um Belfort Duarte (ou, nos dias de hoje, algum troféu de Fair Play).

Mas era um personagem mais crível do que os de outras tentativas de quadrinizar o futebol. Tudo por conta de seus dramas pessoais e de sua vida alheia ao campo, envolvendo outros jogadores, adversários nas quatro linhas e amigos fora delas.

Se fosse escrito novamente nos dias atuais, era bem capaz de ter chances de êxito. Afinal, heróis renascem todos os dias, em guerras secretas e crises infinitas. Por que não, pois, um verdadeiro herói da raça?

Classificação:

4,0

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