AS AVENTURAS DE TINTIM - REPÓRTER DO “PETIT VINGTIÈME” - NO PAÍS DOS SOVIETES
Editora: Cia. das Letras
Autor: Hergé (roteiro e arte) - Originalmente em Les aventures de Tintin - Reporter Du "Petit Vingtième" au pays dês soviets
Preço: R$ 44,50
Número de páginas: 144
Dezembro de 2008
Sinopse
A primeira aventura do intrépido repórter Tintim e seu cão Milu, que viajam para a União Soviética para denunciar ao Ocidente o regime socialista.
Claro, os bolcheviques farão de tudo para impedir que o intrometido repórter saia vivo para contar a história.
Positivo/Negativo
A primeira aventura de Tintim, publicada originalmente no caderno juvenil do jornal belga Vingtième Siècle em série, inicialmente em janeiro de 1929, foi encomendada pelo então chefe de Hergé, o abade Norbert Wallez, um ultraconservador anticomunista, que propôs que fosse feita uma denúncia contra os absurdos dos países socialistas.
Antes da guerra, a história chegou a ser publicada em formato de livro, ainda no original em preto e branco e ficou fora de circulação até 1973.
O próprio Hergé foi o responsável por isso. Ele não desejava reeditar esta aventura, devido ao seu conteúdo político - foi seu único livro que não foi revisado, reescrito e editado posteriormente em cores. É sabido que o autor se envergonhava desses primeiros trabalhos, que tinham como base a sociedade conservadora e burguesa, e resquícios do acentuado colonialismo europeu.
Como em todos os livros de Tintim, Hergé apresenta aqui um trabalho cheio de detalhes, que é fruto de muita pesquisa. Mas é nítido que o autor é bastante parcial nos julgamentos que tece por meio de seu personagem. No álbum, os soviéticos são todos retratados como cruéis.
Em contraponto, as façanhas de Tintim são extremamente exageradas, lembrando mais um desenho animado ou um filme mudo do que as histórias posteriores, bem mais realistas e "pés no chão".
Por exemplo: em dado momento Tintim está fugindo de barco e, distraído com seus perseguidores, bate na margem. Ele então voa do barco e cai exatamente dentro de um carro, que estava parado no meio da estrada, enquanto o dono fazia reparos debaixo do veículo.
O repórter sai dirigindo, despreocupado, e o dono acende um fósforo no rastro de gasolina que é derramado pelo carro. A cena é cômica, mas poderia estar em um curta-metragem do Pernalonga.
Tintim também não se acanha em usar os punhos quando necessário para se livrar de confusões. Muitos apontariam hoje o quanto politicamente incorreto o repórter consegue ser, batendo em agentes da lei e pouco se importando com os meios para chegar aos fins.
No País dos Sovietes é certamente a mais ingênua das aventuras de Tintim. Apesar de servir para mostrar os perigos dos governos autoritários, lida com as situações de maneira muito leve, sempre muito cômica. Não ajuda o fato de que os desenhos ainda estão em preto e branco, sem o acabamento que fizeram de Hergé tão famoso.
Ainda assim, é um importante registro histórico, da sociedade e dos valores da época em que foi feito. E é capaz de divertir quem procura uma divertida leitura sem preocupações.
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