ASILO ARKHAM
Título: ASILO ARKHAM (Panini Comics) - Edição especial
Autores: Grant Morrison (roteiro) e Dave McKean (arte).
Preço: R$ 12,90
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Outubro de 2003
Sinopse: Os inimigos de Batman tomaram o hospital para criminosos insanos, e o Homem-Morcego tem de atravessar seus portões para descobrir que a batalha derradeira será travada dentro de sua mente.
Positivo/Negativo: No Brasil, não é comum a chance de se reavaliar um título de quadrinhos sob o prisma do passar do tempo. Por conta da precariedade do formato em que foram lançados na primeira vez, as reedições ganham tantas características novas que são quase obras inéditas.
Mas este não é o caso de Asilo Arkham. A primeira versão, lançada pela Abril, em 1990, já era excelente. A da Panini não tem nada de tão magistral que possa ofuscar a original que, por vezes (como na arte da lombada e no papel de maior gramatura), sai ganhando nos pequenos detalhes - para, em seguida, perder em outros, como a legibilidade das falas do Coringa.
Em 1990, o mundo, recém-emerso da batmania provocada pelo primeiro filme de Tim Burton, estava saturado de símbolos de quirópteros em elipses amarelas. Nos quadrinhos, O Cavaleiro das Trevas e A Piada Mortal ainda ecoavam fortemente, e a DC Comics, ao aproveitar o filão do longa, acabara de esgotar o personagem. Nada mais parecia possível de se fazer com o Batman decentemente.
Nesse contexto, a arte arrasadora de Dave McKean, quase inédita nos Estados Unidos, somada ao texto perturbador de Morrison, teve seu mérito de chamar atenção pela diferença. A história praticamente não tem ação, mas é de uma rara densidade psicológica, que se entranha no cérebro.
As grandes obras são aquelas que sobrevivem à releitura e, passados 13 anos, Asilo Arkham continua profundamente impactante. Batman é uma Alice em um país da loucura, conduzido não por um gato sorridente, mas sim pelo espírito atormentado de Amadeus Arkham.
No fim das contas, são três narrativas sobrepostas: a metafórica, de Alice que convive com os loucos, sugerida na introdução e no encerramento, que funciona como um espectro secular da descoberta e do aprofundamento no estranho. Em seguida, há o passado do prédio, registrado nos diários do Dr. Arkham. A terceira, em que se dá a aventura do Homem-Morcego, irá se fundir com a segunda.
Asilo Arkham é um álbum monumental, que consegue entrar na alma de um personagem fictício e, ao destroçá-la, examiná-la. Trata-se de um trabalho sufocante, impressionante, que exaure a alma.
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