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ASSIM RASTEJA A HUMANIDADE

1 dezembro 2006


Título: ASSIM RASTEJA A HUMANIDADE (Desiderata)
- Edição especial
Autor: Allan Sieber (texto e desenhos).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 120

Data de lançamento: Dezembro de 2006

Sinopse: Coletânea de cartuns ácidos e barra-pesada de Allan Sieber.

Positivo/Negativo: Começou a Coleção Sigmund, que tem a benção do ratinho do Pasquim e de seu autor, Jaguar - não que ambos sejam lá muito bentos.

A série publica livrinhos de cartuns, o que por si só já é um mérito. Das centenas de lançamentos que saem todos os meses - foram milhares de títulos neste ano! - dá pra contar nos dedos as antologias nessa linha. São uns Quinos pra cá, as edições da recém-chegada editora carioca Desiderata pra lá e os leitores que lambam os beiços.

Mesmo em um ano como 2006, em que o mercado de quadrinhos e afins saiu do ranço dos super-heróis e mangás e se diversificou pra caramba, os cartuns ainda são um quinhão pouco prestigiado no mundo editorial. E olha que o Brasil e o mundo estão cheios de profissionais bacanas.

Por essas e outras, o livro de Allan Sieber mereceria atenção simplesmente porque é de cartuns. Mas Assim Rasteja a Humanidade vai bem além e é um dos grandes lançamentos do ano. As piadas são fora de série: diretas, secas, simples, debochadas, despudoradas, obscenas, ácidas, críticas e engraçadas.

Sieber é um niilista da escrotidão - ele passa por cima de todo mundo e reduz qualquer vivente, seja quem for, e até mesmo a si próprio, a uma piada lamentável.

Se a humanidade não pode ser melhor, Allan Sieber faz com que ela se enxergue em seu pior ângulo. Seus cartuns podem ser um pouco exagerados, mas nunca são inverossímeis. E, muitas vezes, basta o leitor olhar para si mesmo e se reconhecer naquela situação ingrata. Não tem um pingo sequer de delírio ali. Nem mesmo nas páginas vermelhas - O Proibidão do Jaguar -, em que vêm (lacradas com um adesivo) as piadas sobre sexo.

E se aquilo ali é o proibidão, fica a dúvida: que tipo de material o cartunista carioca teve que deixar de fora? Na introdução, Jaguar admite que, pela primeira vez na vida, se sentiu constrangido ao censurar o material mais pesado. "Alguns cartuns, se fossem publicados, dariam um rebu que nem as caricaturas de Maomé naquele jornal dinamarquês", revela.

Por mais sujo e baixo que seja, o livro recebeu um tratamento bem bacana: uma bela capa com acabamento em verniz, formato simpático, um caderno em vermelho para a pornografia e o lacre, que não é uma grande novidade, mas sempre deixa claro o que tem dentro - e evita que o mundo dos livreiros conservadores se constranja em expor o volume.

Em época de Natal, é um belo presente. E o bacana é que cabe bem para um querido amigo ou o mais pérfido desgosto.

 

Classificação:

4,0

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