ASTÉRIX - LA SERPE D'OR
Título: ASTÉRIX - LA SERPE D'OR (Hachette)
- Edição especial
Autores: René Goscinny (texto) e Albert Uderzo (desenhos).
Preço: 8 euros
Data de lançamento: a primeira edição é de 1962. O álbum foi reimpresso inúmeras vezes. A versão desta resenha é de 1999.
Sinopse: O druida Panoramix quebra a sua foice de ouro, usada para colher alguns dos ingredientes da poção mágica que dá superforça aos gauleses irredutíveis, e fica impossibilitado de produzi-la.
Diante deste problema, Asterix e Obelix se oferecem para ir à Lutécia (Paris) para encomendar uma nova foice de Amerix (primo de Obelix), um fabricante especializado famoso por suas foices.
Chegando à Lutécia, Asterix e Obelix descobrem que Amerix foi seqüestrado por traficantes de foice, e começa uma grande aventura para resgatar o artesão e conseguir a preciosa foice do druida.
Positivo/Negativo: Esta é a segunda aventura de Asterix e Obelix, e foi lançada no Brasil pela Cedibra e posteriormente pela Record, atual editora da série no país.
Na França, saiu em partes na revista Pilote, de 1960 (Pilote 42-74) e posteriormente publicado num só volume, em 1962.
O álbum introduz alguns elementos novos. Por exemplo: foi a primeira história na qual os heróis viajaram para longe de sua vila e também foi aqui que Obelix ganhou maior destaque e passou a ser um personagem tão importante quanto Asterix.
Uderzo ainda desenhava num estilo diferente, uma fase inicial que pode ser vista nos quatro primeiros álbuns, com um traço que usava contornos mais grossos.
Muitas das piadas de Asterix são regionais e foram adaptadas de maneiras diferentes em outros países. As observações abaixo se referem ao texto francês, e podem diferir da tradução brasileira.
O álbum abre com uma referência à música Douce France, de Charles Trenet, cantada por Obelix, no segundo quadro da primeira página da história. Obelix canta "Douce Gaule" (Doce Gália). A Gália era uma extensa região que ocupava os países hoje conhecidos como França (daí a brincadeira), Portugal e Espanha; o norte da Itália; parte da Suíça; toda a Alemanha, a oeste do rio Reno; Bélgica; Luxemburgo; e parte da Holanda.
A Floresta dos Carnutes, mencionada por Panoramix logo no começo, fica próxima da cidade de Orleans, num território entre os rios Sena e Loire. Esta referência é importante, pois se relaciona com a aventura seguinte, Asterix e os Godos.
No sexto quadro da página 10 (ou 6B, pela marcação da arte de Uderzo), "24 Horas de Suindinum" é uma referência dupla, tanto à popular corrida de Le Mans (cujo nome romano é Suindinum), adorada pelos franceses, como também a Michel Vaillant, personagem automobilista de Jean Graton. Aliás, o autor está presente, como o corredor gordo de túnica azul.
Ainda nesta página, o último quadro mostra uma vista da cidade de Paris, numa ilha. A vila gaulesa da Lutécia (nome registrado pela primeira vez pelo próprio Júlio Cesar em seu livro sobre a guerra na Gália, Commentarii de Bello Gallico), ficava no local hoje conhecido como Île de la Cité, no centro de Paris.
O personagem Gracchus Pleindastus (Gracchus Asmaticus na versão brasileira) é uma caricatura do ator inglês Charles Laughton, de Testemunha de Acusação, O Grande Motim e Spartacus. Neste último, ele interpretou o personagem Sempronius Gracchus.
O vendedor na escada pintando o nome de sua loja Au Soleil de Massalia (Ao Sol de Massilia, em português), na página 22, é uma caricatura do ator de teatro e cinema francês Raimu (Jules Auguste Muraire). Um dos trabalhos mais conhecidos de Raimu foi como César Olivier, na trilogia marselhesa de Marcel Pagnol e Alexander Korda: Marius, Fanny e César, considerados clássicos do cinema e teatro francês. O personagem César, e seus amigos, tinham sotaque de Marselha, cujo nome romano era Massalia, o que explica o título sendo pintado na placa.
Raimu voltaria a aparecer em Asterix, reprisando, com seus amigos, duas cenas da trilogia Marius, Fanny e César no álbum Asterix em Uma Volta pela Gália.
Ainda na página 22, o galo, que é um símbolo nacional francês (Le Coq Gaulois), canta pela primeira vez. A pronúncia francesa de gaulês (Gaulois) é muito parecida com a de galo (Gallus) em latim.
A placa na estrada da página 23 (19) as vilas de Agedincum, Lugdunum e Gergovia correspondem hoje em dia às cidades de Sens, Lyon e Gergóvia. A estrada, segundo a placa, corresponde à Route Nationale 7, muito usada pelos parisienses em férias.
Foi na Gergóvia que começou a revolta liderada por Vercingetórix, o grande herói gaulês, derrotado posteriormente na batalha de Alésia, um momento muito conhecido da história da França, ridicularizado em Asterix, o gaulês, quando Vercingetórix joga suas armas nos pés de César, na primeira página deste álbum, fazendo-o gritar. Na versão histórica, o imperador romano teria feito um belo e longo discurso.
Na página 28, o estabelecimento de Claudius Metrobus é uma alusão ao famoso cabaré Moulin Rouge, local por onde passaram Toulouse-Lautrec, Josephine Baker e Mistinguett (veja abaixo).
Acta fabula est (que pode ser traduzido como A fábula está encerrada), dito por Gracchus no último quadro da página 43, é uma citação de Cícero, que era muito usada no teatro para terminar as peças.
Na última página da história, a música cantada por Asterix e Obelix (Lutèce c'est une Blonde) corresponde ao primeiro verso de Ça c'est Paris (Paris c'est une Blonde), de J. Padilla, F. Pearly, L. Boyer e J. Charles, de 1926, e interpretada por Mistinguett (Jeanne Bourgeois), atriz e cantora francesa.
De ruim mesmo, apenas a encadernação da Hachette. Com menos de um ano, o exemplar do álbum já está soltando as folhas, algo incomum para livros em capa dura.
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