ASTRAL PROJECT – SOB A LUZ DA LUA # 2
Editora: Panini Comics - Revista bimestral
Autores: marginal (roteiro) e Syuji Takeya (arte).
Preço: R$ 10,90
Número de páginas: 232
Data de lançamento: Março de 2011
Sinopse
Masahiko é um motorista de prostitutas de luxo em Tóquio, sem muitas ambições ou preocupações na vida. O personagem é jogado em uma jornada de muitas descobertas quando sua irmã morre.
Interessado em descobrir o que há por trás da morte da irmã, Masahiko obtém o último CD que ela ouviu antes de morrer. Ao escutar a quarta faixa do disco de Albert Ayler, experimenta uma projeção astral.
Entre teorias místicas e de conspiração, o personagem vai tentando entender melhor o que ocorre com ele e o que pode ter acontecido com sua irmã.
Positivo/Negativo
E o mangá Astral Project continua em um patamar de qualidade muito alto.
marginal, pseudônimo de Garon Tsuchiya - também roteirista do mangá Old boy, que deu origem ao filme dirigido por Chan-wook Park -, criou uma trama que se estrutura em duas bases: personagens profundos e um enredo misterioso que os enrola.
Neste segundo volume (dos quatro previstos), Masahiko se revela um pouco mais, Zampano tem um grande desenvolvimento e o leitor entende um pouco melhor Misa e conhece novas perspectivas sobre Seboso.
Todos eles estão jogados em jornadas pessoais de autoconhecimento e encontram em suas projeções astrais algumas respostas e novas maneiras de perguntar.
Cada um tem suas motivações. E, de acordo com uma autoprojeção de Masahiko saída diretamente de um quadro de Francis Bacon, que diz sobre ele mesmo: "Graças àquele fato... a estranha morte de sua irmã... um simples garoto rebelde passou a carregar o grande fardo da dúvida sobre a essência humana, assim como carregaram os grandes fundadores das várias religiões do mundo. Eu sou a personalidade que você tenta esconder de todos. Finalmente, você pode dialogar consigo mesmo."
O trabalho de cada uma das personalidades e seu confronto faz com que todos os personagens evoluam e se transpareçam diante do leitor. E eles parecem ter muito mais profundidade a revelar nas páginas adiante.
Some-se a isso as teorias conspiratórias de religião e de pseudociência que englobam todos os personagens e propõem respostas que não permitem ao leitor saber de tudo o que realmente está acontecendo. E é neste ponto, em que o roteiro poderia desandar, que ele prova sua força.
Essa mistura de elementos poderia facilmente acabar em uma confusão na cabeça do leitor, mas funciona como um atiçador de curiosidade, ao propor várias explicações que, talvez, se complementem.
O estilo da trama faz lembrar os melhores trabalhos do escritor escocês Grant Morrison, como Os invisíveis.
A arte de Syuji Takeya é limpa, realista e sem exageros. Não simplifica demais os personagens e cenários ou tampouco os torna complexos em um nível detalhista. Os seus desenhos têm um dinamismo e uma capacidade expressiva sem as quais o bem elaborado roteiro não funcionaria direito.
Esta série vai se firmando como uma das melhores do ano. Excelente jogada da Panini.
Classificação: