ATELIER
Editora: Independente - Edição especial
Autores: Fábio Moon e Gabriel Bá (texto e arte).
Preço: R$ 5,00
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Novembro de 2010
Sinopse
Segundo uma matéria de Diogo Bercito, para a Folha de S.Paulo, Atelier foi criada com a intenção de apresentar o trabalho de Gabriel Bá e Fábio Moon em convenções mundo afora.
Tanto que a revista tem todos os seus textos em português, inglês, francês e espanhol.
Positivo/Negativo
Quem foi à Rio Comicon pôde atestar algo que os frequentadores de eventos de quadrinhos pelo Brasil sabem faz tempo: Gabriel Bá e Fábio Moon trabalham pra valer em seu estande.
Eles vendem suas revistas, tiram fotos, dão autógrafos, conversam com fãs, concedem entrevistas, ministram palestras etc. Enfim, cativam seu público, que já é bastante respeitável.
Por isso, cada vez que lançam um título novo (mesmo que seja curto), a expectativa é grande. E a procura por esse material também. Mas isso não quer dizer que Bá e Moon acertem sempre. Atelier é prova disso.
O texto que abre a revista é o seguinte: "Olá. Nós fazemos histórias em quadrinhos. Estamos sempre contando histórias novas para novas pessoas. Pessoas que, como você, podem não nos conhecer. Pessoas que podem não falar nossa língua. Pessoas que podem nem mesmo gostar de quadrinhos. Esta revista serve pra apresentar nosso trabalho pra você. Não é um catálogo, nem um sketchbook. É uma porta para nosso mundo."
Pois é justamente o conflito entre esse texto e o conteúdo de Atelier o principal problema. A revista, apesar de os autores enfatizarem que não, tem toda a pinta de um sketchbook, no qual eles mostram uma arte realmente linda. Mas não há uma história.
O leitor, mesmo o mais veterano, habituado a quadrinhos de diversos gêneros, chega ao fim com a incômoda sensação de "hein?". Nada contra o experimentalismo, a busca por novos caminhos, mas há aí uma briga com aquele texto de apresentação.
Pessoas não habituadas a ler quadrinhos certamente terão mais dificuldade em compreender Atelier como uma história, daquelas com começo, meio e fim. Ou mesmo como uma porta para o "mundo de Bá e Moon". Especialmente, porque esse mundo tem coisas muito mais palatáveis e agradáveis, como Crítica, Mesa para dois, Um dia, uma noite e, especialmente, Meu coração, não sei por que.
Bá e Moon já se mostraram ótimos contadores de histórias. Nesta revista, que vale apenas pela arte, não fazem isso.
Se Atelier foi mesmo criada com a intenção de apresentar o trabalho dos talentosos gêmeos pelo mundo, pode ter havido aí um erro de avaliação, de estratégia. Afinal, eles têm materiais muito mais interessantes para usar como cartão de visitas. Em qualquer lugar do planeta.
Classificação: