AUTHORITY - SOB NOVA DIREÇÃO
Título: AUTHORITY - SOB NOVA DIREÇÃO (Devir)
- Edição especial
Autores: Warren Ellis e Mark Millar (roteiro), Bryan Hitch e Frank Quitely (desenhos), Paul Neary, Trevor Scott e Scott Williams (arte-final), Laura Depuy e David Baron (cores).
Preço: R$ 43,00
Número de páginas: 192
Data de lançamento: Maio de 2006.
Sinopse: Na virada do milênio, o Authority precisa enfrentar o próprio Deus, a fim de impedi-lo de destruir a raça humana.
Quando desiste de enfrentar os seus "bandidos da semana" e resolve começar a arrumar as coisas do seu jeito, o Authority torna-se uma celebridade mundial. E algumas pessoas bem poderosas não vão gostar disso.
Positivo/Negativo: A primeira trama, Trevas Cósmicas, marca a despedida de Warren Ellis e Bryan Hitch do título que criaram.
Nela, o Authority encara um ser que há milhões de anos moldou o que viria a se tornar o planeta Terra. Agora que voltou, ele pretende exterminar o homem, uma peste que infestou seu mundo.
O roteiro de Ellis é pouco convencional e bem instigante. Muito interessante a forma como o autor aborda o erro de informação de que a virada do século seria de 1999 para 2000.
A arte de Hitch está linda. Mesmo estando distante da excelência que iria adquirir no título da Liga da Justiça e posteriormente em Supremos, já impõe respeito.
O gancho dado para a continuação da série com o nascimento - e a verdadeira importância - do "espírito do século XXI" pode ser conferido na seqüência, no arco Natividade.
Millar pega o que já era ótimo com Ellis e joga - literalmente - a qualidade de Authority na estratosfera, contando uma das melhores histórias em quadrinhos dos últimos anos. A frase inicial já dá a idéia do que virá: "Por que os supercaras nunca vão atrás dos canalhas de verdade?".
Sob a liderança de Jack Hawksmoor, os membros do Authority tornam-se celebridades conhecidas em todo o mundo. E isto se deve ao fato de eles meterem o bedelho em qualquer situação que julguem necessário.
Se um ditador está maltratando seu povo e massacrando aqueles que discordam de seus métodos, ele já é um legítimo alvo da equipe. Logo, nenhum governante do mundo está seguro.
Fora o aspecto político altamente explosivo, Millar também se utiliza de diversos aspectos mais caros aos quadrinhos. O grande vilão, Dr. Jacob Krigstein, é uma digníssima homenagem ao saudoso Jack Kirby.
Praticamente todas as criações de Kirby para a Marvel (a grande maioria em parceria com Stan Lee) são parodiadas aqui. Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Vingadores, Nick Fury e o Comando Selvagem, X-Men, Quarteto Fantástico, Doutor Destino, Surfista Prateado, Inumanos e por aí vai.
E tudo isso rende momentos dos mais diversos e espetaculares, como o sermão que Meia-Noite dá em José "Homem-Tanque" Delgado, ou a surra que o próprio dá em "30 adolescentes radioativos".
Isso sem falar no primeiro encontro do Authority com a equipe genérica dos Vingadores, em Cingapura, que é o auge do arco.
Para completar, a conclusão de Natividade traz uma possível referência à briga de Kirby com Stan Lee e o editor Martin Goodman, culminando na saída do artista da editora e sua conseqüente ida para a rival DC Comics.
Falando da arte, o trabalho de Frank Quitely está exuberante em todos os momentos. Um em particular vale menção: a seqüência inteira em Cingapura. Seja nas cenas de luta, nos closes ou na interação dos personagens, tudo é dinâmico e muito bem realizado.
É interessante notar como são escassas as splash pages e as páginas duplas. A narrativa é habilmente dividida em várias partes e o conjunto funciona sobremaneira com o texto de Millar.
Falando da edição nacional, cabe elogiar o bom trabalho de Paulo Tavares nas letras, de Kleber de Sousa na adaptação e de Marquito Maia na tradução e nas informativas notas de rodapé. Também é interessante o sincero prefácio assinado por Howard Chaykin.
Mas há algumas falhas no álbum da Devir.
Na página 49, segundo quadro, falta uma crase em "que deu origem a lua".
Quanto ao aspecto visual, algumas imagens estão fora de foco, borradas, devido ao escaneamento.
Além disso, os dois arcos têm como cores predominantes em seus quadros
o vermelho sobre tons pretos, dando um aspecto monocromático dramático. Nesta versão, a imagem ficou um pouco escura, perdendo esse impacto proposital por parte dos autores.
Lamentável esse descuido da Devir, que é a única razão deste encadernado não receber a nota máxima.
Classificação: