AVENIDA # 3
Autores: Simples - Rui Silveira (roteiro e arte);
Trilha sonora da destruição - Wellington Marçal (roteiro e arte);
Filhos da vingança - André Caliman (roteiro e arte).
Preço: R$ 3,00
Número de páginas: 24
Data de lançamento: Julho de 2008
Sinopse: Simples - Mímica é uma personagem da avenida que está sempre disposta a ajudar. No entanto, ela também precisa de auxílio.
Trilha sonora de destruição - Primo Biu se vê às voltas com uma misteriosa caixa que faz tique-taque.
Filhos da vingança - Revela-se quem é José da Silva, por que ele carrega tanta culpa e como se relaciona com os outros dois personagens da revista.
Positivo/Negativo: Há algum tempo, o quadrinho nacional parece vir ganhando fôlego. Isso se comprova pelas várias revistas independentes, o que motivou a criação do Quarto Mundo, selo formado pelos autores para distribuir e dar projeção às suas obras.
E tanta produção tendia a dar resultado. Materiais muito bons começam a surgir. Um deles é Avenida.
A ideia da revista é mostrar histórias de personagens que estão em uma mesma avenida. Enquanto André Caliman e Wellington Marçal apostam em personagens fixos (José da Silva e Primo Biu, respectivamente), Rui Silveira usa tipos diversos, mas sem perder o tom quase lírico que liga todos os seus quadrinhos.
Nas duas edições anteriores (veja as resenhas: # 1 e # 2), as histórias se relacionavam, com vários pontos de intersecção. Neste número, elas estão necessariamente ligadas.
A última história,Filhos da vingança, mostra como os três personagens apresentados se relacionam. É também a que traz a melhor arte da revista, com uma bela sequência de ação, com muitas respostas para as perguntas levantadas pelas narrativas anteriores. E funciona!
Há alguma "gordura" de texto aqui ou ali, mas é uma bela trama, com Caliman fazendo uma excelente sequência de quadros.
Simples tem bons desenhos, com o traço do lápis bem visível e uma ótima diagramação, mas o roteiro ainda peca um pouco. A tentativa de imprimir o tom lírico acima citado, pesa um pouco no texto de Silveira, que nem sempre consegue boas soluções.
Por outro lado, a relação entre texto e imagem é muito interessante. Os recordatórios são "falados" pela Mímica, enquanto os quadros mostram o oposto do que é narrado. O efeito irônico e um tom inocente para a personagem são obtidos de modo muito inteligente.
Trilha sonora da destruição é a HQ mais divertida da revista. A metalinguagem está presente em todas as páginas e os enquadramentos são excelentes. Percebe-se uma evolução no traço de Marçal em relação aos números anteriores. A maioria das piadas é bastante infame, mas este é o objetivo do personagem.
Destaque ainda para a capa desenhada por Lourenço Mutarelli e o material extra, como esboços, fotos de referência dos personagens e dos próprios autores. A revisão melhorou, mas ainda faltaram diversas vírgulas.
Como a história continua na próxima revista, a falta de periodicidade é um problema. Mas se dá vontade de ler, é bom sinal.
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