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AYA DE YOPOUGON - VOLUME 1

4 outubro 2009


Autores: Marguerite Abouet (texto) e Clément Oubrerie (arte). Tradução de Júlia da Rosa Simões. Publicado originalmente no álbum Aya de Yopougon # 1.

Preço: R$ 38,00

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Setembro de 2009

Sinopse: É 1978. Aya tem 19 anos. Mora em Yopougon, um bairro popular de Abidjan, na Costa do Marfim, com sua família.

Aya gosta de ir a festas com suas amigas, Bintou e Adjoua, pois é quando encontram os galerianos e os genitôs - rapazes ricos e que não fazem nada da vida. Quer dizer: são os playboys locais.

As três levam uma vida comum até que Moussa, um galeriano banal, entra na vida delas.

Positivo/Negativo: O primeiro dos quatro volumes de Aya de Yopougon chega ao Brasil com a chancela do prêmio de melhor álbum de estreia do Festival de Internacional de Angoulême em 2006 e com a promessa de virar um longa-metragem animado - que já está em pré-produção.

Prêmios e filmes são fatores que costumam atrair público e imprensa, gerar burburinho e vender livros.

Mas as qualidades intrínsecas do trabalho de Marguerite Abouet e Clément Oubrerie bem que poderiam prescindir dessas muletas.

Afinal, Aya de Yopougon é uma curtição. É uma daquelas HQs suculentas, que se lê com gosto.

A história é quase comum: traz as movimentações de um grupo de jovens. O que faz diferença é o clima local.

E isso tem a ver com o espírito africano, que permeia a obra. Tudo bem que o álbum original vem da França, que o desenhista é parisiense, que a autora, nascida em Abdijan, tenha se mudado pra "cidade-luz" ainda criança - mesmo assim, o peso da temática africana é fortíssimo.

Está no roteiro, sim, mas também na arte: nas cores, no movimento, nas curvas das garotas africanas, em detalhes como oferecer um Nescafé e falar da cerveja Solibra ("A cerveja do homem forte, diz o slogan).

Fato é que, nos últimos anos, as prateleiras de quadrinhos brasileiras se tornaram internacionais. Norte-americanos disputam espaço com japoneses, coreanos, franceses, espanhóis, belgas, holandeses e até mesmo os argentinos, antes vizinhos raros, conquistaram seus pedaços. Mas a África costuma aparecer apenas sob o olhar estrangeiro, em séries como Tintim ou mesmo Poder Supremo.

De criações locais, há apenas o exemplo globalizado de Super Strikas.

Aya de Yopougon pode não ser o começo de um movimento de chegada de quadrinhos africanos, mas ao menos é um baita representante do continente nas prateleiras. E, pra deixar isso bem claro, o álbum traz ao final a seção Bônus Marfinenses, em que compartilha um léxico de termos locais e receitas tradicionais de gnamankudji - um suco de gengibre - e sopa de amendoim.

As receitas deixam com água na boca. E a HQ também. Ainda que a história do primeiro volume independa dos demais, tomara que a L± não demore para lançar os três álbuns que completam a série.

 

Classificação:

4,0

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