BAKUMAN # 3
Editora: JBC - Revista mensal
Autores: Tsugumi Ohba (roteiro) e Takeshi Obata (arte).
Preço: R$ 10,90
Número de páginas: 208
Data de lançamento: Outubro de 2011
Sinopse
Saiko e Shujin terão que treinar muito para criar um mangá bem-sucedido. Os dois estão cada vez mais impacientes para realizarem seus sonhos, ainda mais quando Azuki consegue um papel secundário em um desenho animado.
Achando que é a maneira mais rápida de estrear na revista Jump, a dupla decide criar um mangá de luta, apesar dos protestos do editor Hattori.
Durante as férias, Shujin tira um tempo sozinho para pensar em novas histórias, mas Saiko acha que o amigo está aproveitando a folga para namorar. Por isso, ele acaba aceitando trabalhar como assistente de seu grande rival, Eiji Niizuma!
Será que a dupla por trás de Ashirogi Muto está com os dias contados?
Positivo/Negativo
Você pode não gostar da premissa. Pode não achar divertido. Pode não se identificar com os personagens. Contudo, se tem algum interesse por mangás, Bakuman é leitura obrigatória.
Nas duas primeiras edições, a história começa um tanto boba, com romances escolares, sonhos adolescentes e uma premissa que só induz o leitor pensar que será uma narrativa chata. Afinal, qual a graça de uma trama em que dois personagens ficam confinados em um estúdio desenhando e escrevendo uma quantidade absurda de páginas de mangá?
Quanto a isso, não há o que se preocupar: uma das maravilhas dos mangás é a habilidade de "tirar leite de pedra". Os japoneses sabem fazer render uma trama e colocar ritmo e ação em situações nas quais o leitor nem esperaria tanto dinamismo. Sem contar que o fato de focar em adolescentes ajuda a potencializar o clima, pois tudo é vivido com muita intensidade e paixão.
Mas a maioria dos mangás pode levar o leitor a esse ponto. Já o diferencial de Bakuman é a visão que apresenta do mercado editorial japonês, mais especificamente dos mangás seriados publicados em revistas semanais da Jump!, de onde saíram centenas de sucessos que se espalharam pelo mundo.
É muito interessante ver a lógica de trabalho da revista, a escolha das histórias, a mecânica de acompanhamento da popularidade das séries - cada revista vem com uma enquete que é respondida pelos leitores e os resultados decidem a continuidade ou a morte das séries, afligindo os autores e tornando-os imensamente competitivos.
Outro destaque da edição é o trabalho de Hattori. Ele é o exemplo de bom editor escolhido pelos autores. É perspicaz, pensa no bem dos artistas, trabalha com eles os storyboards quadro a quadro, orienta, os faz se esforçar e superar seus limites.
Nesta edição em que a dupla se separa por um período para pensar como fazer um mangá de luta de sucesso, Hattori tem todo o cuidado para tentar mantê-los unidos, para ajudá-los a encontrar o caminho que funcione.
Outro destaque é o período que Saiko se torna assistente do jovem gênio excêntrico Eiji Niizuma. Ali, o leitor aprende por que os mangás têm um contraste tão grande entre cenários (ultradetalhistas e realista) e os personagens (bem dinâmicos, simplificados e com a estilização característica do quadrinho japonês): os autores de séries regulares trabalham com dois ou três assistentes que são responsáveis pelos cenários, retículas e arte-final.
Assim, o autor define a história, desenha os personagens e deixa o restante a cargo dos assistentes, que usam diversos livros de referência para copiar cenários e retículas e efeitos prontos que são colados nas páginas. Esse processo industrializado é necessário para a produção de 19 a 25 páginas semanais.
Esta edição explora mais Niizuma e mostra o seu processo criativo e a sua paixão pelos mangás. Mas a imaturidade dificulta o aprofundamento. Tanto que uma breve discussão com os assistentes mais experientes o ajuda a dar profundidade para sua trama, mostra a importância do storyboard e o quanto ele pode melhorar ouvindo o editor ou alguém mais experiente.
Niizuma produz por pura paixão. Ele ama mangás, e só pensa em forma de mangá. E o convívio com Saiko e os outros dois assistentes incentiva todos a batalhar com mais afinco por suas séries.
No geral, o ritmo de Bakuman é ótimo, o desenho é bem trabalhado e, caso alguém tenha desistido após os dois primeiros números, vale insistir um pouco mais para aprender com a série.
Bakuman não chega a ser didático, mas toda a metalinguagem envolvida no processo o torna um mangá que responde a muitas perguntas dos fãs do gênero, além de ajudar a entender a mecânica das séries japonesas.
Classificação: