BALTIMORE E O VAMPIRO
Autores: Christopher Golden (texto) e Mike Mignola (ilustrações).
Preço: R$ 48,00
Número de páginas: 304
Data de lançamento: Outubro de 2009
Sinopse: Em meio à Segunda Guerra Mundial, o capitão inglês Henry Baltimore vê seu pelotão ser destruído pelos inimigos.
Depois da batalha, uma criatura bizarra passa a se alimentar dos corpos e, quando nota Baltimore, se volta contra ele. O capitão revida, e na luta, acaba sendo envenenado na perna, que termina amputada.
Mas a criatura também tem parte do rosto desfigurado. A partir de então, os dois iniciam uma perseguição por vingança que envolve a todos na Europa.
Positivo/Negativo: Baltimore e o Vampiro chama a atenção dos fãs de quadrinhos por ser um trabalho assinado pelo criador de Hellboy, Mike Mignola.
Entretanto, trata-se de um livro ilustrado, no qual Mignola é responsável pela arte das páginas. A narrativa fica por conta do competente Christopher Golden, ainda pouco conhecido no Brasil.
Golden cria uma trama que junta uma grande narrativa de vingança entre Baltimore e o vampiro que o atacou no campo de batalha com assustadoras e bem construídas histórias mais curtas, praticamente contos, que os amigos do personagem principal contam uns aos outros em um bar enquanto esperam para encontrá-lo.
O principal charme do livro é o paralelismo proposital com o conto O valente soldadinho de chumbo, de Hans Christian Andersen. Tal qual o soldadinho, Baltimore não tem uma perna e precisa enfrentar um sórdido inimigo.
Destaque para as belas ilustrações do soldadinho, de autoria de Mignola, que abrem os capítulos. Sob elas sempre há um trecho original do conto de Andersen.
O leitor brasileiro, naturalmente, estabelece uma comparação entre Baltimore e o Vampiro e o clássico da literatura brasileira Noite na taverna, do escritor romântico Alvares de Azevedo.
Isso porque, após o encontro original entre Baltimore e o Rei Vermelho, o foco do livro vai para a reunião de três amigos do capitão em uma taverna. E, por meio dos contos narrados, a história de Baltimore é narrada.
Cada um deles o conheceu em diferentes momentos da vida e ouviu histórias medonhas de seus feitos. E todos só acreditaram nelas porque presenciaram coisas ainda mais bizarras.
O desenvolvimento da trama acontece exatamente como no livro de Azevedo: os personagens narrando suas histórias de terror como contos. Entretanto, apenas a forma e conceito aproximam as duas obras.
Enquanto no brasileiro as histórias contadas na taverna envolvem incesto, traição, necrofilia e outras coisas mais grotescas, o norte-americano fica apenas na seara do terror sobrenatural.
O trabalho de Golden é bastante versátil. Quando conta a história de Baltimore, a narrativa é em terceira pessoa; quando a palavra passa aos amigos do protagonista, passa a ser primeira pessoa, mas sem perder o ritmo.
Outra variação linguística acontece quando estão em cena apenas Baltimore e o Rei Vermelho: então o tempo dos verbos passa a ser o presente.
E isso tudo sem ser cansativo. Méritos para o tradutor e para os preparadores de texto da edição brasileira.
A Manole, aqui com o selo Amarylis, já publicou HQs no passado e vem ensaiando um retorno a esse mercado. Fica a torcida.
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