Há quem curta se divertir trajando fantasias mórbidas para tocar o terror, "ameaçando" as pessoas com a expressão "Travessuras ou gostosuras".

O Halloween traz tanto lembranças engraçadas quanto bizarras para crianças e adolescentes norte-americanos. Não podia ter sido diferente com o falecido roteirista e editor Archie Goodwin.

Ele intuiu que não havia melhor personagem a ser inserido em tramas do Dia das Bruxas do que o Batman, e deu sinal verde para a dupla estreante Jeph Loeb e Tim Sale trabalhar em histórias especiais para a revista Batman: Legends of the Dark Knight, em meados da década de 1990.

Então, Loeb e Sale apresentaram as minisséries Temores e Loucura, e a história fechada Fantasmas, nas quais Batman encara o Espantalho, o Chapeleiro Maluco, o Pinguim, a Hera Venenosa e o Coringa, pela ordem.

Em Temores, o Espantalho aterroriza Gotham City enquanto uma mulher misteriosa envolve-se com Bruce Wayne. Tentado a desistir de vestir o traje do Morcego para poder materializar seus sentimentos, o milionário conta com a ajuda de Alfred nesse dilema, pois, assim como os pesadelos criados pela toxina do Espantalho, na vida real nada é o que parece.

Loucura apresenta uma das melhores histórias já feitas do embate entre Batman e o Chapeleiro Louco, trazendo referências caprichadas a Alice no País das Maravilhas, com duas tramas paralelas sobre a relação de pais e filhos - Gordon não consegue encarar que Bárbara está crescendo, e as lembranças amargas de Bruce Wayne o perturbam e o levam a reencontrar a Dra. Leslie Thompkins, sua segunda mãe.

Já Fantasmas é a aventura mais fraca, inspirada no livro clássico de Charles Dickens, Um conto de Natal. O fantasma de Thomas Wayne aparece para Bruce e lhe informa que mais três espíritos lhe visitarão naquela noite, fazendo com que ele repense sua vida e inicie uma relação profissional com Lucius Fox, peça-chave da Fundação Wayne.

Numa década em que os heróis "bombados" estavam na moda, Tim Sale optou por fazer uma arte retrô, homenageando os artistas dos anos 1940 e 1950, trazendo para o seu Batman o estilo original de Bob Kane (sem a elipse amarela circulando o símbolo do morcego no peito do herói, e com as longilíneas "antenas" pontiagudas brotando de seu capuz), casando com os roteiros de Loeb, que narram histórias do início da cruzada do personagem.

Essas HQs foram publicadas anteriormente pela Abril, e ganharam, no final de 2011, pela Panini, uma edição encadernada com capa dura, texto introdutório de Archie Goodwin, arte original das capas e belas ilustrações expressionistas entremeando as histórias.

Material aconselhado para fãs do Morcegão, principalmente porque antecederam a premiada minissérie O Longo Dia das Bruxas.