Batman - Knightfall – Volume 2 – Knightquest
Editora: DC Comics – Edição especial
Autores: Roteiros: Chuck Dixon (Detective Comics # 667 a # 675, Robin # 7 e Catwoman # 6 e # 7), Doug Moench (Batman # 501 a # 508) e Alan Grant (Batman – Shadow of the Bat # 19, # 20 e # 21 a # 24);
Arte: Mike Manley (Batman # 501 a # 506 e # 508), Jim Balent (Batman # 507, Catwoman # 6 e # 7), Joe Rubinstein (Batman # 508), Vince Giarrano (Batman – Shadow of the Bat # 19, # 20, # 24), Bret Blevins (Batman – Shadow of the Bat # 25 a # 28), Tom Grummett (Robin # 7), Graham Nolan (Detective Comics # 667 a # 669, # 671 a # 675), Barry Kitson (Detective Comics # 670).
Preço: US$ 29,99
Número de páginas: 656
Data de lançamento: Maio de 2012
Sinopse
Após a derrota de Batman pelo novo e perigoso vilão Bane, Bruce Wayne escolhe Jean Paul Valley para assumir o manto do Morcego.
Valley consegue derrotar Bane após efetuar alguns aprimoramentos no traje, incluindo armas e uma espécie de armadura tecnológica.
Positivo/Negativo
O Batman caiu. Longa vida ao Batman!
Pois bem, é a partir daqui que a história segue.
É fácil olhar hoje para esta história e concluir que a substituição de Bruce por Jean Paul era meramente temporária, mas, com toda a certeza, não é o que parecia em momento algum lendo este volume.
Por mais absurdo que seja, não é exatamente inédito. Nos anos 1960, a DC substituiu Flash e Lanterna Verde por novas versões bem diferentes e, após Crise nas Infinitas Terras, de 1985, o Flash foi novamente trocado. Sem contar que, na cronologia do próprio Batman, o Robin já estava em sua terceira identidade.
A DC tentava alinhar os quadrinhos na década de 1990 a algo mais próximo da geração da época, com conceitos e fundamentos de personagens mais modernosos. Alguns foram mais discretos, como o Superman com cabelos longos, outros com verdadeiras reinvenções, como o Senhor Destino (agora apenas Destino sem o tradicional elmo, transformado em uma faca cerimonial usada para combater demônios).
E isso levou ao Batman algumas notáveis mudanças no tom – bem mais sombrio, com um protagonista mais violento, e a grande e principal mudança: sem um parceiro mirim.
Esse é o grande ponto deste segundo volume. Enquanto apresenta e contextualiza Jean Paul Valley, sua armadura e as vantagens que ela traz ao combate ao crime (justamente ao mostrar uma nova gama de criminosos, como Talião, Mekros, Gêmeos do Gatilho, Gunhawk), vai definindo-o como uma figura bem distinta do Batman tradicional, o ponto de romper com a tradicional figura do Menino Prodígio.
E isso foi muito importante, pois o Robin é importantíssimo para a mitologia do Cavaleiro das Trevas.
Robin foi criado por mais de um motivo: para reduzir queixas sobre o tom violento e sombrio das histórias pregressas do Morcego; para oferecer um personagem ao qual o protagonista pudesse expor suas deduções investigativas; e para servir como um conduíte para o público-alvo (as crianças), num papel de relevância mais próximo de uma figura paterna (representada pelo Batman).
Esse último ponto é particularmente relevante pelo período da criação do personagem (Abril de 1940), enquanto uma guerra ocorria na Europa, e a América ainda lidava com as ramificações de uma severa crise econômica.
A presença do Menino Prodígio possibilitava vilão medíocre se tornar uma ameaça legítima por capturar/render um garoto (cimentando o ponto da figura paterna protetora que supera qualquer obstáculo para proteger o filho). E isso durou muitos anos na Dupla Dinâmica, até as primeiras mudanças no status quo (como o livro de Fredric Wertham, A sedução do inocente, sugerir noções mais subversivas para o foco da relação entre Batman e Robin). Com isso, Dick Grayson acabou se distanciando mais e mais da sombra do Morcego (foi para faculdade, se juntou aos Titãs etc.).
Com os anos 1980 e a Crise nas Infinitas Terras, a editora viu o potencial da ideia de atualizar o conceito. Após um fracasso retumbante sob a forma de Jason Todd, Tim Drake surge com um status diferente (além de ser um dos poucos personagens que não é órfão, ele é mais cerebral).
Tudo isso foi importante para representar o ponto de cisão entre a figura tradicional do Robin para uma mais moderna, inclusive no aspecto da estrutura familiar. Batman continua como uma representação da figura paterna, mas Jean Paul Valley assume a forma do padrasto – que, por algum motivo na cultura popular, invariavelmente é retratada de forma nefasta.
Valley cai uma espiral de loucura – que é o foco deste encadernado, com cenas em que vê vultos, ouve vozes e lida com alterações de humor, com súbitos ataques de violência e um constante comportamento errático. Ele é representado como se fosse um alcoólatra (de novo, uma representação típica do arquétipo do padrasto como figura negativa).
E essa jornada é fascinante.
A obsessão para perseguir o vilão Matadouro, o conflito com seu passado e com seus esqueletos no armário da história da Ordem Sagrada de São Dumas, e mais importante, o conflito do ego ferido de Valley sempre tentando, querendo provar que é melhor, que é capaz de superar Bruce Wayne.
Uma pena, porém, que a jornada é incompleta.
Como dito no volume anterior, uma parte importante da história é omitida: a saga Sword of Azrael, de 1992/1993 (no Brasil, A espada de Azrael), não é encarada como obrigatória pela editora, mas oferece detalhamento e contexto para os personagens que acabam cimentando os eventos deste encadernado.
Outras histórias igualmente fazem falta (a primeira edição de Robin que sucede os eventos de Detective Comics # 668) ou as focando a jornada de Bruce Wayne na saga batizada A busca (Shadow of the Bat # 21 a # 23, Justice League Task Force # 5 e # 6 e Legends of the Dark Knight Quarry), que explicam, na medida do possível, a recuperação do personagem, no volume anterior dito como paralisado pelo resto da vida.
Isso não diminui a qualidade dos roteiros e da história, mas fica faltando algo para um trabalho que pretende compilar toda a saga.
Classificação
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