Várias revistas do Batman são lançadas no mercado, e a maioria delas não tem absolutamente nada a ver com a cronologia oficial da DC Comics, que no Brasil é publicada pela Panini.

Essas publicações, de outras editoras, são quase sempre baseadas nos diversos desenhos animados do Batman. Uma delas é O livro dos criminosos. O título, direcionado para crianças, tem um acabamento impecável. Porém, mesmo tendo o Batman como protagonista, deixa algumas perguntas no ar.

O livro se propõe a ser uma espécie de dossiê de todos os inimigos do Batman e de todas as suas armas e assessórios. Incluindo também os seus amigos mais próximos e parceiros de luta contra o crime.

O "porém" nesse caso, que acaba comprometendo o bom conteúdo, é que o livro descreve todos os personagens da série animada The Batman, de 2004 a 2008, e não há nenhuma referência a isso dentro da publicação.

Alguns personagens são ligeiramente diferentes dos originais e outros são completamente diversos dos vilões e aliados que o leitor conhece. O Coringa, por exemplo, está diferente demais. Irreconhecível para uma criança de cinco anos que nunca viu a série e que só conhece o maior inimigo do Batman com o seu indefectível terno roxo.

Assim, a revista confunde os jovens leitores e mesmo para os adultos, que estão acostumados a mudanças e adaptações para o cinema e a TV, os personagens parecem estranhos.

A obra não é exatamente uma história em quadrinhos. A quarta capa a descreve como "o mais completo dossiê dos arqui-inimigos do seu herói favorito", e nisso ele é bom.

Todos os elementos e personagens da série estão lá. E o material tem qualidade. Cada vilão ganhou duas páginas com três ou quatro ilustrações, nomes verdadeiros, peso, altura e até os crimes já cometidos.

O texto é propositalmente explicativo e se preocupa com os meninos de seis anos que já aprenderam a ler, mas ainda não sabem o que é, por exemplo, uma "estação criogênica". Outro destaque é a página que detalha o uniforme do Batman e o seu cinto de utilidades. Pelo menos na versão da série animada.

Em certos momentos, a publicação lembra as antigas edições em formatinho publicadas pela Abril, que, algumas vezes, traziam nas últimas páginas, em detalhes, os equipamentos dos heróis e como funcionavam as suas armas e poderes. Curiosidades que certamente não teriam outro espaço para serem apresentadas aos leitores hoje.

Nesse aspecto, o livro é impecável. Papel de boa qualidade, impressão perfeita e diagramação correta. O que torna a coisa confusa é a tal da cronologia e as adaptações. Como explicar para os pequenos que o Bane do Livro dos criminosos não é o mesmo Bane da Liga da Justiça sem limites, do Batman - Valentes e audazes ou mesmo o Bane que eles viram recentemente em DVD?

Mesmo com toda a confusão sobre as modificações e adaptações do personagem, a revista serve de exemplo. A editora, com essa iniciativa, se preocupa em buscar novos leitores.

E não só para crianças, que passam a conhecer detalhes sobre o personagem, mas cativa os leitores mais velhos, que começam agora a debruçar sobre livros e revistas em quadrinhos.

A velocidade das publicações, as idas e vindas de alguns heróis e vilões, talvez não permitam que esse afago seja feito nos novos leitores. Mas a preocupação, que já era recorrente na década de 1980, poderia voltar a ser lugar-comum.