BATMAN – REINADO DE TERROR
Autores: Mike W. Barr (roteiro), José Luis Garcia-López (arte) e Noelle Giddings (cores).
Preço: R$ 6,90
Número de páginas: 48
Data de lançamento: Novembro de 2001
Sinopse: Em plena Revolução Francesa, o capitão Bruce Wayne recebe baixa do exército e volta para sua terra. Ao chegar a Paris, descobre que os pais de sua noiva serão guilhotinados - o destino reservado a todos os nobres e aristocratas.
A partir daí, Wayne assume a identidade do Homem-Morcego.
Positivo/Negativo: A princípio, colocar o Batman para enfrentar jacobinos é forçar a barra um pouco além do limite. De fato, Reinado de Terror é um dos títulos mais radicais da série Elseworlds, batizada no Brasil como Túnel do Tempo. Porém, surpreendentemente, o resultado é interessante.
Cabe uma rápida explicação. Em 1789, eclodiu uma revolução na França que visava acabar com a monarquia do país e instituir uma série de alterações tanto na política quanto na sociedade da época. A queda da Bastilha, uma grande prisão, marcou o fim do regime monárquico. Os nobres foram mandados à guilhotina e a burguesia ascendeu ao poder.
Aulas de história à parte, a trama de Mike W. Barr acontece em 1794, no auge do chamado Reinado de Terror, quando os jacobinos de Robespierre guilhotinavam nobres aos montes.
O jovem capitão Bruce Wayne chega a Paris e logo presencia uma cena que o deixa chocado: uma família inteira, composta por pai, mãe e filha, perde a cabeça na lâmina de Madame Guilhotina.
A família Wayne, a favor da revolução, é poupada do sacrifício. O mesmo não acontece aos pais da noiva de Bruce - condenados à morte, eles levam o futuro genro a adotar a identidade secreta de Homem-Morcego.
Barr reinventa vários elementos do universo do Batman. Duas-Caras é um veterano de guerra e jovem revolucionário chamado Hervé Deinte. O Robin é representado por uma mulher e a identidade secreta do justiceiro é revelada. Essas inovações, aliadas a um roteiro ágil, dão força à história, tornando-a uma leitura instigante.
Durante toda a trama, o nome "Batman" não é mencionado nem uma única vez. Todos o chamam de "chauve-souris", algo que, traduzido literalmente, é "rato careca". Além disso, Wayne alega que está lutando pela justiça, mas é preciso lembrar que a monarquia governou a França durante séculos sustentando sua opulência graças ao suor dos trabalhadores.
Portanto, é exagerado dizer que esses nobres eram "inocentes".
A arte do veterano José Luis García-López dispensa apresentações. As cenas de ação são precisas e a diagramação dos quadrinhos colabora para a fluidez da leitura. A caracterização de época dos personagens é ótima - Bruce, por exemplo, está com costeletas de fazer inveja ao Wolverine.
Dentro da proposta da série Elseworlds, Reinado de Terror é uma das melhores histórias.
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