Battle Angel Alita – Gunnm Hyper Future Vision # 1
Editora: JBC – Série bimestral em quatro volumes
Autor: Yukito Kishiro (roteiro e desenhos) – Originalmente publicado em Battle Angel Alita – Gunnm Hyper Future Vision # 1 (tradução de Arnaldo Masato Oka).
Preço: R$ 39,90
Número de páginas: 448
Data de lançamento: Dezembro de 2017
Sinopse
Um mundo distópico, onde a alta tecnologia e a decadência da humanidade se misturam. É nesse futuro caótico que a ciborgue Alita é trazida de volta à vida.
Daisuke Ido, um engenheiro cibernético que vive na Cidade da Sucata, localizada logo abaixo da exuberante cidade flutuante de Zalem, encontra as poucas partes de Alita no lixão e decide reconstruí-la.
Viva uma vez mais, com um novo corpo, porém sem memória, a ciborgue começa a trilhar seu próprio caminho em busca do passado perdido e de sua verdadeira identidade. No entanto, obstáculos insuperáveis e adversários inescrupulosos surgirão à frente de Alita, que passa a ser uma Guerreira Caçadora.
Positivo/Negativo
O cenário de Battle Angel Alita é bem familiar para quem aprecia o gênero de ficção científica. Independentemente de quem veio primeiro, basta lembrar de filmes como Metrópolis (1921), de Fritz Lang (1890-1976), ou o mais recente Elysium (2013), de Neill Blomkamp, nos quais a pirâmide social é bem distinta: os abastados em cima e os menos favorecidos abaixo, literalmente.
A misteriosa cidade flutuante de Zalem (Tiphares na versão norte-americana), suspensa através de um anel orbital, parece utópica. É entre as imensas pilhas de sucata despejada na Terra (uma crítica à produção de sucata e lixo doméstico no Japão?) que o especialista em ciborgues, Dr. Daisuke Ido, encontra os restos de Alita.
Curioso o caminho da dúvida que Yukito Kishiro faz nas primeiras páginas, mostrando também que este mangá não possui uma atmosfera mais "leve", o que pode aparentar nas características mais cartunescas – lembrando a herança estética de Osamu Tezuka (1928-1989). A violência é bem vigorosa, bizarra e grotesca em determinados momentos, dosada com um relaxamento de comicidade mais contida, sem tanta galhofa.
A série pode até não ter premissas originais, mas o que conquista na sua leitura – mesmo se falando de uma edição de quase 450 páginas – é o seu ritmo rápido e suas bem construídas e empolgantes cenas de luta. Bruce Lee (1940-1973) é uma das fontes de inspiração do quadrinhista.
Mesmo avançando os arcos com clichês, é mantido o interesse de saber mais do passado da desmemoriada protagonista, assim como algumas perguntas sem respostas. Entre um sopapo e outro nas lutas dignas de Davi contra Golias, o autor incrementa a narrativa com criaturas cibernéticas que citam frases atribuídas ao filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900) e traz alusões de outras mitologias, como o nórdico Berserker.
A arte de Kishiro sabe ser econômica quando é necessário, mas tem passagens bem detalhadas, e assim ele dita o ritmo de leitura. O destaque são as páginas duplas e painéis mais abertos, que evocam mais dramaticidade às ações.
Originalmente lançado no começo dos anos 1990, na revista Business Jump (Editora Shueisha), Battle Angel Alita chegou a ser republicada no Japão pela Kodansha. Entre 2000 e 2014, saiu uma sequência chamada Last Order. Atualmente, Yukito Kishiro trabalha em uma terceira e derradeira série, intitulada Mars Chronicle, que foi iniciada há quatro anos.
A série já ganhou animações, videogames, livros e este ano estreia a versão cinematográfica de Hollywood, com direção de Robert Rodriguez (de Sin City – A Cidade do Pecado) e produção de James Cameron (Avatar).
O veterano Cameron é um entusiasta dos quadrinhos. Chegou a declarar que X-Men – Dias de um Futuro Esquecido foi uma das inspirações para O Exterminador do Futuro (1984), estava planejando trazer o Homem-Aranha pras telonas nos anos 1990 e sempre quis produzir Battle Angel Alita.
Inclusive, segundo o gerente de conteúdo da JBC, Cassius Medauar, a alteração do nome original da personagem principal (Gally) para o batismo que ficou conhecido nos Estados Unidos (Alita) foi uma decisão em conjunto com o Japão de usar o título internacional da obra, por causa do filme que vem aí. Fora isso, foram mantidos nesta versão brasileira todos os outros nomes originais.
A própria JBC publicou na íntegra o mangá entre 2003 e 2004, em 18 números, com sobrecapa, papel pisa brite e formato menor (11,5 x 17,5 cm). A curiosidade é que, por ser anterior ao acordo, a protagonista adota seu nome original (Gally) e o título só era Gunnm Hyper Future Vision.
A nova edição vem no formato “Big” (nas dimensões 13,5 x 20,5 cm), o mesmo adotado em séries como Blade – A lâmina do imortal e Eden – It’s an Endless World. Também apresenta a capa cartonada (sem orelhas), um miolo com algumas páginas coloridas, boa gramatura e impressão.
O principal diferencial físico dos outros é o papel. Em vez do alvo off-set, foi adotado o lux cream, mesmo de HQs como Akira e Death Note – Black Edition. O resultado é uma abertura maior do gibi, deixando-o mais maleável sem prejudicar a encadernação em brochura, além de ser antirreflexivo, garantindo uma leitura mais confortável.
Com relação ao custo/benefício, cada volume equivale a quatro edições e meia da coleção anterior da editora, que também está lançando a série em versão digital, no formato referente à primeira coleção japonesa, com 9 volumes.
Lembrando também que antes, em 2002, a Opera Graphica lançou uma edição bastante duvidosa da série, misturando o título, Alita Battle Angel Gunm, e alegando que era uma "graphic novel" com a "saga completa" (eram apenas 260 páginas).
Classificação
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