Geralmente, em coletâneas, a única certeza são os altos e baixos alternando nas histórias. Mas quando se chega à quarta capa de Beleléu a sensação é de uniformidade.

No dicionário, a palavra significa popularmente "morrer", "desaparecer", "frustrar-se", "fracassar". Mas essas expressões ecoam apenas no âmago das histórias, não na qualidade do álbum em si.

O leque de assuntos é grande pra abanar a criatividade nas páginas da edição independente. E as temáticas mais abordadas são a solidão e a morte, como bem define o batismo da obra.

Seja em quadrinhos silenciosos, seja em pequenas crônicas proseadas (Amor em supermercado é puro Verissimo!), Beleléu se sai muito bem no seu objetivo de refletir e, acima de tudo, divertir nas breves leituras.

O que vale frisar também é o frescor de liberdade que sugere uma variedade criativa que não cai no lugar-comum de "ser-underground-sem-pé-nem-cabeça" de muitas coletâneas por aí.

O apanhado de traços e formatos é bem variado. O quarteto cumpre, ao seu modo, o papel que lhe cabe no álbum. O que destoa da harmonia é uma ou outra página de seus convidados. Mas sem comprometer o todo.

O formato quadrado da edição casa bem com a proposta e os desenhos. De resto, tudo no lugar: boa impressão, capa cartonada (apesar de não ter orelhas) e diagramação competente.

Talvez valesse uma apresentação ou as biografias dos quadrinhistas envolvidos, apesar de os autores terem, na última página, um breve relato ficcional de suas vidas.

Mas, sinceramente (mesmo!), não precisa: Beleléu já "fala" por si.