BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL - HOMEM-ARANHA - VOLUME 1
Autores: Stan Lee (texto), Steve Ditko (arte), Jack Kirby (desenhos em Homem-Aranha enfrenta o Tocha! e O Homem chamado Electro), Eduardo Sales Filho e Roberto Guedes (tradução e adaptação). Publicado originalmente em Amazing Fantasy # 15 e Amazing Spider-Man #1 a # 10.
Preço: R$ 57,00
Número de páginas: 248
Data de lançamento: Julho de 2007
Sinopse: Antologia que compila as primeiras histórias do Homem-Aranha em um único álbum.
As HQs mostram o jovem Peter Parker sendo picado pela aranha radioativa que lhe concedeu superpoderes e o fez assumir a identidade de herói pela primeira vez. Em seguida, surgem os primeiros vilões, como Abutre, Dr. Octopus, Homem-Areia, Lagarto e Electro.
Ao mesmo tempo, Peter continua vivendo sua vida de adolescente, com direito a desavenças com Flash Thompson, o valentão da escola, e uma paquera no Clarim Diário, seu primeiro emprego.
Positivo/Negativo: As primeiras histórias do Homem-Aranha são, antes de qualquer coisa, um barato. Não porque mostram a origem de um grande mito, mas porque são leves, despretensiosas e muito bem-humoradas.
Lendo as histórias, é fácil de entender o porquê.
Nas HQs, o jovem Peter Parker é um adolescente nerd. E, por isso, se tornou um contraponto aos outros heróis, sisudos e durões, que se levavam a sério demais. Ele, ao contrário, ri de si mesmo - até porque não tem muita alternativa.
Já o leitor, até então acostumado a se projetar, por exemplo, no Superman, passa a se identificar com o herói que tem a sua idade. (Claro, estamos falando de adolescentes da década de 1960, a quem essas HQs eram dirigidas, e não dos marmanjos saudosistas, público-alvo desta coleção.)
A forma como Stan Lee desenvolveu Peter Parker e o Homem-Aranha entrou para a História dos quadrinhos - e não é por acaso que o personagem não só vingou, mas também se tornou um dos carros-chefe da Marvel.
Relendo hoje, não dá pra negar que o material foi afetado pelo tempo. A narrativa é lenta - devido a uma diagramação mais esquemática da página e a diálogos e recordatórios em excesso. Mas, ainda assim, há um frescor na história. O responsável por ele, mais do que Lee, é Ditko.
Ditko criou o uniforme esquisito, cheio de teias - que 9 entre 10 desenhistas inventam artimanhas para evitar desenhar. Desenvolveu também a postura e os movimentos - cinco décadas depois, os olhos do leitor podem ter se acostumado, mas repare que o Aranha é um verdadeiro contorcionista!
Além do Aranha, Ditko desenha os vilões de uma forma que beira o surreal. Basta dar uma olhada no Homem-Areia se desmanchando (p. 93) ou seu Lagarto, especialmente asqueroso, deixando escorrer uma lágrima (p. 147).
Tudo é muito bom. Exceto o tratamento dado pela Panini. Como na edição destinada ao Quarteto Fantástico, há problemas na adaptação e na revisão do texto.
Tem "assistir um" (no sentido de ver, p. 11) e um "assiste tudo" (p. 84), tem "flar" em vez de "falar" (p. 29), tem "inconsequente" (sem trema, mesmo sendo uma edição anterior à reforma ortográfica, p. 132), tem erros de vírgula, de crase, de paralelismo e muitos outros. Enfim: é descuido demais pra um volume que é histórico até no próprio nome.
Já que a coleção seguiu em frente - está chegando agora ao terceiro volume - seria sensacional ver a editora se mexer para corrigir os próprios erros, lançando uma edição revisada, corrigida e, de quebra, adaptada para aos padrões da reforma ortográfica.
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