BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL - O SURFISTA PRATEADO – VOLUME 1
Editora: Panini Comics - Edição especial
Autores: Stan Lee (roteiro) e John Buscema (arte) - Histórias originalmente publicadas em The Silver Surfer # 1 a # 6, de agosto de 1968 a junho de 1969, e Fantastic Four Annual # 5, de novembro de 1967.
Preço: R$ 62,00
Número de páginas: 264
Data de lançamento: Dezembro de 2008
Sinopse
Para salvar seu planeta, Zenn-La, da aniquilação total, Norrin Radd realiza um pacto com Galactus. Imbuído de extraordinários poderes, ele torna-se o Surfista Prateado, arauto do Devorador de Mundos.
Agora, sua missão é encontrar planetas despovoados que possam aplacar a fome de seu mestre. Entretanto, quando Galactus decide consumir a Terra, o Surfista rebela-se e é punido, sendo aprisionado em nosso mundo por uma barreira invisível.
Solitário, triste e pacífico, o herói passa seus dias tentando superar a barreira que o encarcera, enquanto defronta-se ora com hostis terráqueos, ora com adversários extraordinários.
Positivo/Negativo
Dotado de uma alma sensível, altruísta e extremamente melancólica, o Surfista Prateado é um ser destinado ao sofrimento. Não importa se a situação que vive é boa ou ruim. E, na maioria das vezes, ela é péssima.
Ainda como Norrin Radd, quando vivia em um planeta perfeito, em que todos os problemas sociais e conflitos tinham sido resolvidos, ele não estava satisfeito. O comodismo e a falta de um propósito lhe causavam angústia.
Agora dotado de espetaculares poderes cósmicos, o Surfista Prateado sofre por estar preso na Terra e pela distância que o separa de sua amada Shalla Bal.
A prosa hiperbólica de Stan Lee é muito adequada ao personagem, mas as constantes lamúrias do Surfista acabam cansando. Ou soando engraçadas. É incrível a frequência com que o herói é mostrado de joelhos, choramingando a saudade de sua amada ou a brutalidade humana.
Por outro lado, as aventuras do Surfista Prateado apresentadas neste volume possuem uma série de atrativos.
Primeiro a nostalgia. Várias das histórias já foram publicadas no Brasil antes, muitos anos atrás, e fizeram parte da infância de diversos leitores hoje maduros, o que cria um vínculo afetivo com o material.
Mesmo que o leitor não tenha tido nenhum contato com essas HQs antes, é interessante perceber como elas quebram alguns conceitos e paradigmas dos enredos de super-heróis.
Na trama que abre o volume, A origem do Surfista Prateado, simplesmente não há um vilão "malvado". Galactus não destrói planetas porque é mau, mas por precisar se alimentar de sua energia. Os seres humanos não atacam o herói porque são malvados, mas porque o temem e não o compreendem.
Assim, a primeira história mostra-se uma tragédia em que Norrin Radd é vítima de suas próprias boas intenções e altruísmo.
Nas outras aventuras há os vilões padrão, mas diante deles o Surfista é pacífico. Prefere o diálogo antes da agressão. Em Três divindades em conflito, Loki, o deus das mentiras, precisa se esforçar muito nas manipulações para conseguir que o herói ataque Thor. Essa atitude passiva/pacífica e a reflexão constante dão um caráter único ao personagem.
A ingenuidade de certas situações vividas pelo Surfista chega a ser divertida e até singela. Em Para salvar a humanidade, o cientista Al Harper oferece ajuda ao ex-arauto de Galactus para ultrapassar a barreira. Para isso precisa de dinheiro para os equipamentos de pesquisa. O que o herói faz? Disfarça-se com roupas comuns e sai procurando emprego. Não consegue nada, mas o episódio faz o leitor sorrir.
Outro atrativo é a arte de John Buscema. Ao folhear a edição, ela conquista o leitor. Com cores e traços recuperados, seus painéis apresentam ótimas composições e caracterizações de diversos personagens, como Mefisto, Loki e Thor.
E o uso de recursos gráficos e texturas dispostos em layouts de página dinâmicos cria um ótimo diálogo com o texto carregado de adjetivos de Stan Lee.
O livro produzido pela Panini tem boa qualidade gráfica e apresenta um texto de introdução escrito pelo próprio Stan Lee e, ao final do volume, biografia dos dois autores.
Entretanto, a edição, que se propõe a ser uma biblioteca histórica, poderia ganhar mais se incluísse também um texto de contextualização com informações a respeito do Surfista Prateado, sua relação com os outros personagens Marvel e com a cultura e sociedade da época. Afinal, o trabalho de Stan Lee e John Buscema tem muita sintonia com a década em que foi produzido, evocando o clima psicodélico e as mensagens pacifistas da década de 1960.
Além disso, este volume da Panini parece ter usado a mesma tradução do que foi publicado pela Mythos em 2003. Por isso, um extra que não estivesse presente no álbum original cairia bem.
No saldo final, as aventuras do Surfista Prateado valem pela bela arte de Buscema e pela ótima diversão que proporcionam.
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