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BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL - QUARTETO FANTÁSTICO - VOLUME 1

1 dezembro 2007


Título: BIBLIOTECA HISTÓRICA MARVEL - QUARTETO FANTÁSTICO -
VOLUME 1
(Panini
Comics
) - Edição especial

´
Autores: Stan Lee (texto) e Jack Kirby (arte).

Preço: R$ 57,00

Número de páginas: 256

Data de lançamento: Julho de 2007

Sinopse: Com o intuito de impedir que os comunistas vençam a corrida espacial para decifrar os raios cósmicos, o brilhante cientista Reed Richards utiliza o protótipo de foguete que construiu, numa descolagem não-autorizada pelo governo norte-americano.

Para isso, ele monta sua tripulação com sua namorada Susan Storm, seu cunhado, o jovem Johnny Storm, e o piloto Benjamin Grimm, que aceitou o convite depois de relutar bastante.

No entanto, ao sair da atmosfera da Terra, a nave é bombardeada por uma dose intensa de raios cósmicos, que atravessam a fuselagem e atingem seus tripulantes. De volta ao nosso planeta, os quatro começam a sofrer mudanças radicais. Richards percebe que seu corpo tornou-se elástico; Susan ficou invisível de uma hora para outra; Johnny foi completamente consumido por chamas, mas não sofreu nenhuma queimadura; e Ben transformou-se numa enorme criatura de pedra.

As reações às transformações vão da euforia à revolta. Mesmo assim, eles decidem se unir para combater o mal como o Quarteto Fantástico.

Esta edição compila as dez primeiras revistas Fantastic Four, com as incríveis aventuras do Sr. Fantástico, do Coisa, do Tocha Humana e da Garota Invisível.

Positivo/Negativo: Passaram-se mais de dez anos desde que a Marvel lançou nos Estados Unidos a linha Marvel Masterworks, com caprichadas edições históricas de seus principais personagens. Agora, a Panini traz essa coleção para o Brasil, rebatizada como Biblioteca Histórica Marvel. E a estréia só poderia ser com o Quarteto Fantástico, o primeiro título da "Casa das Idéias", que estreou em novembro de 1961 e abriu o caminho para outros que se tornariam ícones da cultura pop, como Homem-Aranha, X-Men e Vingadores.

Leitores mais jovens, acostumados às confusas - e, na maioria das vezes, ruins - sagas de super-heróis da atualidade talvez achem essas dez primeiras histórias do Quarteto bobinhas, infantis. Mas elas são a perfeita representação dos anos 60 e permitiram que a equipe se tornasse o que é hoje. Além disso, trazem o começo da parceria entre Stan Lee e Jack Kirby.

Mais: suas aventuras marcaram o início da arrancada da Marvel para tomar a liderança do mercado de quadrinhos dos Estados Unidos das mãos da DC. Não é pouco.

Bem distante das explicações pseudo-científicas das HQs atuais (será que essa verossimilhança é mesmo necessária?) , Stan Lee permeava as páginas com conceitos que beiravam a inocência. Há frases de efeito aos montes. Situações como os desentendimento do Coisa com o Tocha Humana se repetem à exaustão. Quando fura um pneu do carro, Reed usa seus poderes e sai "rodando" - pit stop pra quê? Enquanto procura seu irmão desaparecido, Sue pára numa lanchonete e, invisível, toma um refrigerante pouco se importando com as pessoas à sua volta. São várias as transformações (sempre temporárias) do Coisa em Ben Grimm. O Sr. Fantástico arranca um homem de uma motocicleta em movimento apenas para fazer a ele uma pergunta. Johnny Storm barbeia o amnésico Namor com suas chamas.

Bobagens? Que nada! Diversão pura! Era o que havia de mais legal nos quadrinhos de aventura/ficção científica na época. E Stan Lee brincava com competência nesse terreno.

Mas é interessante salientar que nessas dez primeiras histórias - em que os heróis encaram o Toupeira, o Dr. Destino, os Skrulls, Namor, o Mestre dos Bonecos e até o ilusionista Milagroso - o conceito de família do Quarteto Fantástico ainda não havia se formado. Somente no final do álbum isso começa a ser delineado. E conferir essa evolução dos personagens é extremamente elucidativo.

Naquele tempo, a Garota Invisível era quase um enfeite no Quarteto. Seus poderes não eram sombra do que viriam a ser. E é justamente quando surge Namor como seu novo interesse romântico, que Sue começa a crescer como personagem. Ela namorava Reed Richards, porém isso não a impediu de se sentir atraída pelo Príncipe Submarino.

Vale notar, entretanto, que, mesmo com tanta inventividade, Stan Lee não ficou muito atento ao dar títulos às histórias. Simplesmente quatro edições seguidas (# 5 a # 8) seguem a fórmula "Prisioneiros de alguém". Mas isso pouco importa, pois o bacana mesmo é o ritmo envolvente das aventuras.

E isso se deve muito aos desenhos de Jack Kirby. Na época, um dos seus pontos fortes já era o trabalho nas expressões faciais. Isso sem contar sua narrativa fluida e eficiente. E esta edição compilada é ótima para confirmar seu crescimento nesse sentido: como ele passou a usar melhor a diagramação das páginas e quadros, a ousar em determinados planos.

Outro ponto visível dessa evolução está na forma como Kirby retrata o Tocha Humana e, especialmente, o Coisa (que, nessa época tinha praticamente a mesma altura de seus companheiros). Da primeira à décima edição, a mudança salta aos olhos.

Graficamente, este volume é um primor: capa dura com reserva de verniz, papel de luxo, pin-ups e reprodução das capas no miolo, prova de que a Panini realmente pretende incrementar sua presença em livrarias. Há apenas pequenos escorregões (culpa da Marvel), como os cabelos de Reed que, no final da história do Milagroso, em vários quadros, não são brancos nas têmporas.

Mas o ponto fraco de Biblioteca Histórica Marvel - Quarteto Fantástico - Volume 1 é o grande número de erros de português ou de digitação - são mais de 20.

Diversos desses erros seriam detectados com uma simples verificação do corretor ortográfico do Word. São palavras sem trema ("aguenta firme", p. 189), equívocos em conjugações verbais ("ele terá de parar quando me ver", p. 176 - o correto seria vir; "prefiria mesmo", p. 215 - em vez de "preferia"); problemas de concordância ("apenas eu, o servo de Kurrgo, pode...", p. 172 - seria "posso"; "guiados pelo medo e pânico, nosso povo...", p. 174 - o povo é guiado, no singular); falta de acentos ("deve te-lo abalado", p.104 - "tê-lo"), crases mal colocadas ("à duras penas", no prefácio - acento grave não é usado quando o "a" está no singular e a palavra seguinte no plural), troca de verbo por interjeição ("Ei de pegá-lo", p. 73 - o certo seria "Hei"), digitações erradas ("ums pontos", p. 89; "sinalizdor", p. 113; "descobrir qual o a minha missão", p. 115 - esse "o", certamente, seria "é"; "vamos voltr", p. 194; "entenrrando-o", p. 226), engano na grafia de adjetivos ("mau humorado", p. 239 - "mal-humorado", com hífen), simples falta de atenção ("o monstro vermelho...", p. 69 - a criatura é verde!) e outras.

Além do cuidado redobrado com a revisão, fica a dica para que os editores fiquem mais atentos à adaptação do texto. Em algumas passagens, o Coisa e o Tocha Humana, que têm linguajares mais soltos, com muitas gírias, alternam essas falas com frases pomposas, que não condizem com eles. Citações como: "Deixa-me tentar de novo" (p. 64, Coisa) ou "Os manterei ocupado até vocês levantarem vôo" (p.44, Tocha).

Realmente uma pena que um material tão diferenciado (trata-se de um clássico dos quadrinhos de super-heróis), com tamanha qualidade gráfica e, conseqüentemente, preço elevado, chegue ao mercado sem passar por revisões mais cuidadosas.

Classificação:

4,0

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