BLACK KISS
Editora: Devir - Edição especial
Autor: Howard Chaykin (texto e arte).
Preço: R$ 49,90 (capa dura) ou R$ 36,00 (capa cartonada)
Número de páginas: 152
Data de lançamento: Abril de 2011
Sinopse
O judeu "boa-pinta" Cass Pollack é um azarado de marca maior. Músico de jazz, recém-saído de uma clínica de recuperação para drogados e metido com o submundo do crime, ele dá carona a uma loira estonteante, que lhe agradece com uma felação.
Quando volta pra casa, ele descobre que está sendo acusado pelo assassinato da esposa e da filha. Em busca de um álibi, Pollack vai atrás da loira a quem deu carona. Mas isso só vai metê-lo numa enrascada ainda maior, repleta de pornografia, cultos satânicos, prostituição, drogas, sociedades secretas, corrupção, violência, sexo, morte e muito, muito sangue.
Positivo/Negativo
Quando foi publicada originalmente, de junho de 1988 a julho de 1989, em forma de uma minissérie em 12 partes, pela editora canadense Vortex, Black Kiss causou estardalhaço. Como bem recordou o jornalista Rodrigo Fonseca, numa recente entrevista com Howard Chaykin, para o jornal O Globo, a obra foi severamente criticada pelas igrejas católica e protestante.
Até Black Kiss, Chaykin era mais conhecido por seu trabalho em revistas de super-heróis ou séries autorais, como American Flagg, que tinha uma pegada mais adulta e canalha, mas nada tão pesado quanto a história das loiras "quase" gêmeas Dagmar e Beverly Grove, uma estrela de Hollywood.
Neste trabalho, além das cenas fortes de sexo, há gângsteres extremamente cruéis (que trabalham junto com a polícia) e uma conspiração que envolve uma seita misteriosa e vai muito além da chantagem a que Beverly está sendo submetida. Não vale contar mais para não estragar a surpresa da leitura.
Mas vale dizer que Black Kiss é, possivelmente, o principal trabalho de Howard Chaykin. O roteiro é bem conduzido e tem um ritmo intenso, que o autor trata de "quebrar" com mudanças de cena bem colocadas. Há um ou outro ponto questionável (como o padre e a garota com quem está transando não ouvirem o bater do salto dos sapatos da mulher no chão, enquanto rouba o filme pelo qual Beverly é chantageada), mas isso é compensado pelas diversas reviravoltas na trama e pelo final, que amarra bem as pontas que foram sendo soltas no decorrer das páginas.
E isso tudo é evidenciado pelo desenho (até então) competente de Chaykin. Variando bastante a diagramação dos quadros, ele dita o ritmo da leitura. A arte é inquietante e vale atentar para a importância das onomatopeias - elas praticamente "falam" e são parte integrante do desenho.
O trabalho da Devir foi bastante competente. A edição, em duas versões (capa dura e cartonada) traz como extras todas as 12 capas originais, porém em preto e branco, e um prefácio assinado pelo roteirista Matt Fraction.
Mais de duas décadas depois após sua publicação original, Black Kiss continua atual - aliás, ainda hoje daria um filme à la Tarantino bem interessante. Por isso, foi ótima a iniciativa da Devir em republicá-la no Brasil - a extinta Toviassu, editora dos integrantes do Casseta & Planeta, a lançou por aqui, em 1991, numa minissérie em quatro partes.
Assim, os leitores das novas gerações poderão saber o que se esconde por trás do tal "beijo negro".
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