Blacksad – Amarillo
Editora: Sesi-SP – Edição especial
Autores: Juan Díaz Canales (roteiro) e Juanjo Guarnido (arte).
Preço: R$ 49,00
Número de páginas: 64
Data de lançamento: Dezembro de 2018
Sinopse
Um jovem poeta chamado Chad (um leão) viaja com seu amigo Abraham (um bisão) por Nova Orleans. Os dois têm ferrenhas discussões sobre a arte que produzem e a forma que ela deve ser divulgada ao público.
A agressividade de Abraham em demonstrar seus pontos de vista leva a dupla a situações extremas, e Chad se envolve em uma sequência de atos impensados e infortúnios que colocam sua vida em risco.
Quem também está em Nova Orleans é Blacksad, após os eventos de O Inferno, O Silêncio. Ele decide dar um tempo em sua carreira de detetive e arranjar um emprego temporário que não envolva violência. Weekly, seu fiel parceiro, embarca em um aeroporto de volta pra casa.
Blacksad vê que um senhor (um boi) derrubou sua carteira. Ele a pega e devolve. O boi, um milionário, acaba oferecendo, como agradecimento, o emprego que o gato cinzento almejava: levar o Cadillac amarelo do seu benfeitor, que estava embarcando em um voo, de volta para casa, na cidade de Tulsa.
Na estrada, os caminhos de Chad e Blacksad se cruzam e não será desta vez que o detetive vai gozar de um pouco de paz e sossego.
Positivo/Negativo
O quinto e último volume de Blacksad publicado pela Sesi-SP é uma homenagem aos road movies e à cultura beat, mas também é uma história sobre segundas (ou terceiras e quartas) chances.
O coprotagonista Chad se envolve em situações que colocam o leitor em dúvida se ele deveria ter uma redenção ou uma condenação ao final da obra.
O que Díaz Canales e Guarnido mostram é que, além do que a sociedade possa pensar sobre um crime, existe a mente do criminoso. E remorso e pesar também são formas de condenação, às vezes mais brutais que uma cadeia.
A relação que os autores estabelecem entre poesia e um ato de grandeza fecha de forma singela a edição que, assim como toda a série, dá ao leitor a sensação de estar acompanhando uma produção Disney para maiores de 18 anos.
Amarillo mantém o nível de roteiro e desenhos, mas tem uma ambientação menos soturna que outros volumes. Pelo contrário, aqui se vê mais a natureza da Louisiana, e a cor que dá título ao livro está presente em diversos momentos.
Díaz Canales e Guarnido continuam baseando alguns de seus animais em personalidades da vida real. Assim como em outros volumes, tivemos Adolf Hitler como um gato (provavelmente, uma homenagem a Maus), o presidente dos Estados Unidos como uma águia, um cientista do Projeto Manhattan como uma coruja e personagens que remetem ao Senador Joseph McCarthy, como um galo e ao pintor Mark Rothko, como um urso, em Amarillo há o bisão Abraham Greenberg, uma clara alusão ao poeta beat Allen Ginsberg.
A edição nacional é traduzida por Ana Rüsche, que faz um trabalho competente, exceto por uma fala, que não se encaixa bem no perfil do protagonista. Ele diz: “Weekly é um querido”. Para um detetive quase sempre casca-grossa, do fim dos anos 1950, a frase soou delicada demais.
Em termos de impressão e acabamento, a edição mereceria elogios, não fosse um problema que acomete todos os cinco volumes: a encadernação. É preciso segurar o livro com muito cuidado e não abrir demais as páginas, porque a linha que segura os cadernos pode se soltar e a publicação desmontar.
É algo a se considerar caso a Sesi-SP publique os já prometidos no exterior sexto e sétimo volumes da série.
As últimas duas páginas da HQ antes da contracapa merecem atenção especial. Elas funcionam como um interessante fechamento para a aventura.
Blacksad é uma leitura altamente recomendada para quem curte temas adultos e grandes ilustradores.
Embora alguns livros anteriores sejam mais contundentes e relevantes, por conta dos temas abordados, Amarillo é uma boa aventura. Mais sublime, é verdade, mas não pense que a ação e violência costumeiras são deixadas de lado.
Classificação:
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