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Blade – A lâmina do imortal # 1

20 abril 2016

Blade – A lâmina do imortal # 1Editora: JBC – Série bimestral em 15 volumes

Autor: Hiroaki Samura (roteiro e desenhos) – Originalmente publicado em Mugen no Juunin # 1 e # 2 (tradução de Thiago Nojiri).

Preço: R$ 39,90

Número de páginas: 448

Data de lançamento: Dezembro de 2015

Sinopse

No Japão feudal, Manji é um ronin (samurai sem mestre) contratado por um homem para matar todos aqueles que não pagarem impostos.

Porém, ao perceber que estava matando inocentes, ele se revolta e assassina o contratante e todos os seus 99 guarda-costas. Gravemente ferido durante a luta, o espadachim recebe os cuidados de uma monja, que acaba concedendo a ele o “elixir da imortalidade”. Com isso, uma espécie de vermes na sua corrente sanguínea regenera e “cola” as partes do corpo feridas ou decepadas.

Manji não pediu por essa “maldição” e agora terá que fazer um acordo com a anciã para conseguir recuperar seu “direito de morrer”.

Positivo/Negativo

O próprio autor, Hiroaki Samura, pede desculpas nas edições originais deste primeiro volume (compiladas no final da versão brasileira), por causa das discrepâncias com relação à época em que se passa o mangá, o período Edo, na metade da Era Tokugawa, segundo ano da era Tenmei (1782).

O fato é que o quadrinhista quis se desvencilhar da camisa de força da pesquisa minuciosa para contar a seu modo a jornada de Manji na busca por sua mortalidade. Apesar de ser o Século 18, ele deixa de lado elementos como, por exemplo, o Bushido, código de honra do guerreiro samurai.

Em vez disso, há um clima anarcopunk, retratado nas atitudes do protagonista, nas armas criadas exclusivamente para a série e em homenagens como o nome de um (bizarro) antagonista que faz referência à banda britânica Black Sabbath.

O fantástico, a estilização e a pinta de bad boy do personagem principal fazem Blade se distanciar de obras como Lobo Solitário, de Kazuo Koike e Goseki Kojima, ou Vagabond, de Takehiko Inoue, porém, ao mesmo tempo, apresenta o diferencial mais livre de uma história de vingança, sadismo e violência.

Tal aproximação com os tempos mais atuais coloca um interessante exercício comparativo entre as épocas. A marginalidade de uma gangue punk dos anos 1980 (ou futurista, como apresentada em Akira, de Katsuhiro Otomo) não é tão diferente dos colocados à margem nos tempos feudais. Algo para se pensar, sem ser profundamente metódico ou antropológico.

Outra colocação que não teve nenhuma nota explicativa pela JBC no volume de estreia é em relação à suástica (invertida com relação ao símbolo que foi apropriado pelo Nazismo) que o ronin usa no seu quimono.

Chamada de suástica budista (ou Manji, o nome do protagonista), o símbolo é um dos mais antigos da humanidade, reconhecido em diversas culturas e religiões, como o Hinduísmo, o Budismo e o Taoismo. Seu eixo vertical representa a conexão do Céu e da Terra; o horizontal representa a ligação do Yin e Yang; e os “braços” indicam o movimento da força criada pela interação desses elementos.

Como curiosidade, vale lembrar que o movimento punk tinha uma facção nazista que utilizava suásticas como a ideologia de “pureza ariana” hitlerista, bem como outros grupos adoravam o símbolo apenas para chocar o sistema.

Em Blade, o ponto de vingança é conduzido pela jovem Rin Asano, que viu seu pai ser morto por uma gangue liderada por Kagehisa Anotsu, cuja filosofia é unificar todos os estilos de esgrima do Japão, dizimando cada escola do país.

O contraponto da despreparada e focada Rin – que contrata Manji como seu guarda-costas – mostra o bom mocismo do ronin caolho e cheio de cicatrizes, além de fazer movimentar a primeira grande trama da saga.

Outro grande diferencial de Blade reside na arte de Samura. Alternando entre o nanquim e os traços finalizados a lápis, cada página apresenta uma bela composição (principalmente quando o protagonista finaliza um golpe fatal) e confere dinamicidade à leitura.

Hiroaki Samura chegou a cursar arte clássica, mas nunca se formou porque se dedicou integralmente ao lançamento de Blade. Detestava pintura a óleo, preferindo a arte em preto e branco.

Mesmo apoiado na estrutura batida da busca de vingança que o protagonista não aceita prontamente, a série faz do seu ponto alto os embates com as inventivas armas e o mistério em torno dos chamados kessenchus, a porção de vermes que promove a longevidade de quem a toma.

O título foi publicado originalmente no Japão pela revista Afternoon, da Kodansha, entre junho de 1993 e dezembro de 2012, sendo finalizado em 30 volumes. No Brasil, entre 2004 e 2007, a série foi lançada incompleta pela Conrad, totalizando 38 edições.

Baseada nos volumes originais (cada uma corresponde a duas edições da Conrad), a JBC relança o material com o dobro de páginas da versão nipônica, ou seja, o equivalente a quatro números da Conrad.

Além disso, o mangá recebeu nova tradução, o formato batizado pela editora de “Big” (13,5 x 20,5 cm, o mesmo de Eden – It's an Endless World!), capa cartonada (sem orelhas) e papel off-set com boa gramatura e impressão.

Classificação

4,0

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