BLEACH # 1
Título: BLEACH # 1 (Panini
Comics) - Revista mensal
Autor: Tite Kubo (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 9,90
Número de páginas: 192
Data de lançamento: Agosto de 2007
Sinopse: Intitulado The death and the strawberry, este primeiro volume apresenta a história de Ichigo Kurosaki, um jovem que tem a habilidade tenebrosa de enxergar e conversar com almas penadas.
Um dia, ele recebe a visita de Kaede Rukia, uma shinigami (deusa da morte). A partir daí, sua vida nunca mais será a mesma.
Positivo/Negativo: Bleach é um dos títulos de maior sucesso atualmente no Japão. Não é difícil de entender o motivo: uma trama recheada de drama, ação, comédia, aventura e superação, ao melhor estilo do gênero shonen, ou seja, mangás voltados para o público masculino.
Logo nas primeiras páginas, a série mostra a que veio. Primeiro é apresentada Rukia, a shinigami que tem como missão caçar e deportar hollows, espíritos desgarrados que se alimentam de outras almas. A seguir, surge o outro protagonista, Ichigo, adolescente encrenqueiro que tem a habilidade de ver fantasmas.
Por causa de vários contratempos, a família de Ichigo Kurosaki é atacada por um hollow que Rukia tenta deter. A menina é derrotada e para salvar a pátria, passa seus poderes para o rapaz, que detém o bicho.
Só que agora, até Rukia se recuperar, Ichigo assumirá o manto e a missão de shinigami. A princípio, ele não quer aceitar, mas devido a um forte senso de justiça, declina diante da imposição dela.
Nesses primeiros capítulos outros personagens importantes para a trama são apresentados, como a família de Ichigo, composta pelo seu pai e duas irmãs - a mãe dele faleceu há algum tempo.
Também aparecem os colegas de classe de Ichigo, com enfoque maior no forte Chad e na meiga Orihime. Mais um elemento importante é a espada zanpakutou, arma utilizada pelos shinigamis.
Os capítulos do mangá apresentam pequenos arcos de história, mas claramente há uma preparação para uma trama maior que se delineará a partir dos próximos números.
O roteiro é bem construído. Por enquanto, os personagens são superficiais, mas há diversos ganchos para que suas personalidades sejam aprofundadas. O ritmo de ação, aventura e drama é quebrado na medida certa por algumas inserções de comédia, geralmente protagonizadas pelo pai de Ichigo.
Um detalhe relevante: num primeiro momento pode se notar uma semelhança imensa entre Bleach e outro mangá, também já publicado no Brasil, Yu Yu Hakusho. Yusuke e Ichigo são personagens muito parecidos. As circunstâncias em que estão metidos também são quase idênticas, a diferença que Ichigo é um shinigami e Yusuke, um detetive espiritual.
No mercado japonês, é natural a semelhança entre histórias de diferentes mangás desse gênero, mas nesse caso chega a ser gritante.
Nos desenhos, o autor poderia usar mais sombras, sobretudo nas cenas envolvendo os hollows e shinigamis, pois algumas ficaram iluminadas demais. Ao menos nas seqüências de batalha não há tanta poluição visual. Ainda nos aspectos gráficos do volume, a edição brasileira foi bem feliz na escolha das tipologias.
No entanto, há um grave problema no que tange a adaptação do texto. Quando Rukia primeiramente se apresenta a Ichigo, ela ainda não está familiarizada com o linguajar dos humanos. Por isso, fala de uma maneira arcaica.
Na edição nacional, optou-se por colocar a personagem utilizando a conjugação dos verbos na segunda pessoa. Se misturado com palavras arcaicas e bem utilizado, isso pode gerar um efeito legal, como é o caso do que é feito há anos nas falas do Thor nos gibis da Marvel. Contudo, não é o que se vê em Bleach.
A leitura das falas de Rukia fica atravancada, sem ritmo. Em vez de suprimir o pronome do caso reto para o melhor andamento o texto, ele é grafado a cada sentença que aparece. Por exemplo, na página 17, ela fala para Ichigo: "Tu és capaz de me enxergar? E mais! Tu me chutaste?!". A primeira frase ficaria perfeitamente inteligível com um "És capaz de me enxergar?", para evitar a repetição.
Outro detalhe que vale menção é que o português arcaico brasileiro faz mais uso da segunda pessoa do singular do que o moderno. Entretanto, há muito tempo os pronomes de tratamento são mais comuns na nossa fala e escrita.
Ao ler livros antigos observa-se que costumeiramente os personagens tratam uns aos outros como "vossa senhoria" ou "vossa mercê" e conjugam o verbo na terceira pessoa.
Apesar disso, no fim deste volume, Rukia aprende a "linguagem moderna" lendo mangás e não mais falará dessa maneira.
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