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BLUEBERRY # 1

1 dezembro 2007


Título: BLUEBERRY # 1 (Panini
Comics
) - Série bimestral

Autor: Jean Giraud (roteiro e desenhos).

Preço: R$ 22,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Junho de 2006

Sinopse: Edição com duas histórias.

Mister Blueberry - O escritor de folhetins Mr. Campbell chega à pequena e violenta cidade de Tombstone para falar com Mike Steve Donovan, já famoso como Blueberry. A idéia é buscar inspiração para escrever novas aventuras.

Sem saber, Campbell é seguido por três misteriosos personagens, que tentam encontrar Blueberry e matá-lo. Ao mesmo tempo, arruaceiros típicos de Tombstone criam problemas no saloon onde ocorre a jogatina, e Wyatt Earp, xerife local, dedica-se a caçar o líder apache Gerônimo.

Enquanto isso, Blueberry, que se instala na cidade para começar um novo ciclo de sua vida, joga pôquer westernde forma despreocupada com pitorescos e interessantes personagens, que vão se apresentando à sua mesa, à medida que a trama se desenvolve, até o surpreendente final.

Sombras Sobre Tombstone - Blueberry narra um evento de seu passado a Campbell, enquanto o xerife investiga um estranho assalto a um carregamento de prata, supostamente realizado por Apaches.

No entanto, o roubo foi praticado pelos irmãos Clanton e McLaury, que pretendem incriminar os índios e seu líder, Gerônimo. Os fatos se desenrolam prenunciando um dos mais célebres eventos históricos do Velho Oeste: o duelo de O.K. Corral.

Positivo/Negativo: Com essas duas histórias inicia-se o chamado Ciclo Tombstone, no qual Blueberry larga o ofício de Tenente do exército norte-americano e dedica-se à vida civil numa típica cidade do western. Curioso é que o autor se baseou em fatos ocorridos no Velho Oeste, em 26 de outubro de 1881, utilizando personagens verdadeiros, como Doc Holliday e os irmãos Earp e Canton.

Esta edição revela o motivo da fama Jean (Moebius) Giraud e do Tenente Blueberry, que tanto fazem sucesso no Velho Continente. O autor, com destacado talento, cria duas histórias típicas de faroeste, mas o protagonista não dispara um único tiro e passa a maior parte do tempo sentado em uma mesa de pôquer, ou deitado em um quarto de hotel.

É um típico caso em que a fama precede o protagonista, pois, mesmo apenas interessado nas altas apostas do jogo de cartas e em reminiscências do passado, eventos intrigantes e figuras curiosas circundam Blueberry como moscas giram em torno de uma lâmpada, aumentando a tensão até o final.

Esta foi a técnica encontrada por Moebius para inserir Blueberry num evento histórico real, sem alterar muito sua versão dos fatos.

Todos os personagens são bem trabalhados pelo autor, com a personalidade de cada um, mesmo dos mais insignificantes, retratada de modo vívido. O mais interessante é que as idiossincrasias e peculiaridades dos personagens constituem elementos decisivos na montagem do enredo. Quanto aos diálogos, são criativos e recheados de comentários inteligentes, tornando muito divertido acompanhar cenas a princípio banais, como, por exemplo, um singelo jogo de pôquer.

Os desenhos são notáveis. Moebius revela-se minucioso, quase obsessivo: quando elabora grandes panorâmicas das ruas de Tombstone, do saloon ou de outros cenários amplos, preocupa-se com os mínimos detalhes, a ponto de o leitor interromper a leitura para observar tudo detidamente.

As cores de Florence Breton são um espetáculo à parte: cada pequeno objeto é colorido de forma detalhada. Mesmo nas cenas em que aparecem vários cavalos, só para dar um exemplo, cada animal possui sua própria tonalidade, inclusive com variações na pelagem.

A qualidade editorial é muito boa, uma excelente relação entre custo e benefício. Para publicar Blueberry, XIII e Blacksad, a Panini não exagerou a ponto de investir em luxuosas edições de capa dura, caríssimas e inacessíveis a grande parte dos leitores, como outras editoras têm feito. Assim, não abriu mão da qualidade nem elitizou a leitura.

A única dúvida é saber por que a Panini decidiu começar a publicar Blueberry a partir da 24ª edição original, relativo ao último arco de histórias do personagem (precedido por outros seis), privando seus leitores das aventuras anteriores, que também primam pela mesma excelência. Um texto explicativo resolveria a questão.

Resta torcer que o material tenha a repercussão merecida e, no futuro, as histórias anteriores, roteirizadas por Jean-Michel Charlier e desenhadas por Jean Giraud, sejam também publicadas.

Classificação:

4,0

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