BLUEBERRY # 2 – GERÔNIMO, O APACHE
Autor: Jean Giraud (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 22,90
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Agosto de 2006
Sinopse: Enquanto Blueberry se recupera do atentado sofrido na edição anterior, conta a história do seu primeiro encontro com Gerônimo para o escritor Campbell.
Na cidade, o xerife Earp e seus irmãos investigam os crimes na diligência e no carregamento de prata. Apesar dos índios terem sido acusados, eles desconfiam do bando de malfeitores formado pelos irmãos Clanton e McLaury.
Positivo/Negativo: Tanto quanto histórias de cavaleiros medievais atraem os norte-americanos, as narrativas de faroeste exercem fascínio sobre os europeus. Prova disso são os filmes macarrônicos do gênero, que tem como principal expoente o diretor italiano Sérgio Leone.
Nos quadrinhos não é diferente. Tex encabeça os títulos da editora italiana Bonelli ambientados no Velho Oeste. Nas HQs franco-belgas há muitos outros, como o famoso Lucky Luke, criado pelo cartunista Morris e cujas histórias já contaram com roteiros de Goscinny. Outro marcante no gênero é Blueberry, que estreou em 1963, com textos do já falecido belga Jean-Michel Charlier e arte do francês Jean Giraud - mais conhecido por seu pseudônimo Moebius.
Esta edição da Panini foi lançada em 2006, compilando os álbuns # 26 (Gerônimo, o Apache) e # 27 (Ok Corral) do personagem, continuando a saga iniciada nas histórias anteriores, publicadas no primeiro volume.
Na trama, um debilitado Blueberry mal toma parte dos acontecimentos, com sua participação ficando restrita a uma história que conta ao seu biógrafo.
Os principais acontecimentos são encenados por personagens aparentemente periféricos, mas que, na verdade, são todos protagonistas da trama. Giraud, que passou a cuidar do texto também após a morte de Charlier, compõe um roteiro complexo e cheio de idas e vindas, no qual Blueberry, tal qual Spirit nas melhores histórias de Will Eisner, é um mero coadjuvante.
Interessante notar que o roteiro da edição, mesmo sem apelar para trucagens e conceitos herméticos, consegue ser complexo e bem-amarrado, revelando aos poucos o enredo para o leitor.
Assim, a história vai numa crescente, deixando o famoso duelo ao entardecer se encaminhar para as últimas páginas, fazendo jus ao gênero.
A arte de Giraud, já bastante conhecida, é espetacular. Cada página é uma verdadeira obra de arte detalhista, que faz o leitor se demorar um pouco mais, para observar tudo o que ocorre nas cenas.
A narrativa gráfica, como o próprio estilo franco-belga, é um pouco engessada, sem alternação da diagramação dos quadrinhos, mas isso não afeta em nada o bom andamento da história.
A edição da Panini é competente, apesar de algumas derrapadas no português como o mau uso de "ao invés de" e "em vez de" em mais de um momento. A qualidade gráfica é boa, mas algumas páginas ficaram um pouco apagadas.
Talvez o maior deslize da editora tenha sido lançar um produto em formato europeu, colorido e com 96 páginas em bancas de jornais. Com um preço de R$ 22,90, muito acima do praticado pelo própria Panini em outros títulos, não foi à toa que a versão nacional de Blueberry durou três edições somente.
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