Bob Dylan revisited
Editora: W. W. Norton & Company – Edição especial
Autores: Blowin’ In the Wind, por Thierry Murat; A Hard Rain’s A-Gonna Fall, por Lorenzo Mattotti; I Want You, por Nicolas Nemiri; Girl of the North Country, por François Avril; Lay, Lady, Lay, por Jean-Claude Götting; Positively 4th Street, por Christopher; Tombstone Blues, por Bézian; Desolation Row, por Dave McKean; Like A Rolling Stone, por Alfred, Raphaëlle Le Rio, Maël Le Mae e Henri Meunier; Hurricane, por Gradimir Smudja; Blind Willie McTell, por Benjamin Flao; Knockin’ on Heaven’s Door, por Jean-Philippe Bramanti; Not Dark Yet, por Zep.
Preço: US$ 24.95
Número de páginas: 96
Data de lançamento: Novembro de 2009
Sinopse
Dezesseis quadrinhistas e ilustradores europeus interpretam 13 das mais conhecidas composições de Bob Dylan.
Positivo/Negativo
A música folk norte-americana, em geral, conta histórias relacionadas à realidade dos trabalhadores rurais e/ou urbanos. São letras que mesclam política e poesia, retratando angústias, injustiças, questões ecológicas, acontecimentos históricos, de forma bucólica e intimista, na qual o artista tem seu violão e sua voz como bandeiras libertárias.
Bob Dylan se encantou pelo folk e soube, como ninguém, uni-lo ao rock para fazer suas ideias reverberarem mais alto. Pegando carona no efervescente cenário político e musical da década de 1960, Dylan usou sua verborragia e sua voz anasalada para compor e entoar letras antológicas que se tornaram hinos contra a Guerra do Vietnã e o racismo e em prol dos direitos humanos.
Ele também fez apologia às drogas, cantou suas alegrias e dores de amor e criticou alguns colegas músicos da sua geração. E mesmo quando fez músicas mais comerciais, a sua base nunca deixou de ser o folk, de onde incorporou a forma de escrever as letras como se fossem contos, dramatizando uma história com início, meio e fim. Isso faz com que as músicas de Dylan sejam bastante visuais, e cada pessoa recrie mentalmente as tramas ao ouvi-las.
O álbum Bob Dylan revisited mostra justamente as canções do músico sendo interpretadas por quadrinhistas e ilustradores europeus. A começar pela capa, na qual Gradimir Smudja, tomando como base o clipe de Subterranean Homesick Blues, sintetiza o conteúdo da obra. E o mesmo autor faz um trabalho sensacional, tal qual um minidocumentário em quadrinhos, da história do boxeador Hurricane – a página final, em que retrata o carcereiro de Hurricane como um membro da Ku Klux Klan, incorporando a ironia sarcástica de Dylan, é primorosa.
Destaque também para o tom de surrealismo empregado tanto por Dave McKean, em sua interpretação de Desolation Row, quanto por Lorenzo Mattotti, em A Hard Rain’s A-Gonna Fall; a visão irônica sobre o engajamento político entre diferentes gerações, feita pelo quarteto Alfred, Le Rio, La Mae e Henri Meunier, em Like a Rolling Stone; a alfinetada de Dylan em Robbie Robertson (que havia tocado com ele antes de fundar o grupo The Band), na maravilhosa Positively 4th Street, que Christopher transforma numa cínica história de amor; e a versão western de Knockin’on Heaven’s door, de Jean-Philippe Bramanti.
Quem fecha o álbum é o suíço Zep (autor da série de humor Titeuf), que, ao interpretar Not Dark Yet, acaba resumindo a carreira de Dylan em quatro páginas: o cantor folk, o elétrico (a tumultuada troca do violão pela guitarra), o experimental (quando Dylan flerta com o country e o gospel) e o bardo.
A edição conjunta da W.W.Norton & Company inglesa e estadunidense está caprichadíssima, com capa dura e papel couché, além de inserir, antes de cada quadrinho, as letras das músicas de forma integral e o ano no qual foram compostas. Bob Dylan revisited é o álbum que completa a coleção de qualquer fã.
Classificação