Chega a ser desesperador acompanhar Bone pela Via Lettera. O primeiro volume publicado pela editora data de 1998 e, de lá para cá foram anos de lançamentos esporádicos com poucos capítulos e leituras interrompidas.

O último hiato, entre este volume e o 13º, é de mais de dois anos.

A atitude da editora, de manter a publicação, mesmo com todas as dificuldades financeiras que admite ter enfrentado, é louvável, mas o leitor que compra este volume 14 não sabe quando lerá o próximo. Por isso o desânimo.

Além disso, o preço é pouco convidativo. A baixa tiragem e a pouca certeza de vendas devem contribuir para o valor salgado - e é dolorido pagar tanto num álbum tão fino e em preto e branco. Mas, ressalte-se, se apenas a história for levada em consideração, vale cada centavo.

A trama é o ponto alto de Bone, obra-prima de Jeff Smith. A fantasia e o clima onírico da história atingem em cheio os fãs do gênero.

Mesmo quem não é muito chegado em narrativas fantásticas vai se deliciar com a narrativa bem engendrada e com personagens tão carismáticos como o trambiqueiro Phoney, o ingênuo Smiley e o bravo Fone.

Os desenhos de Smith, com um domínio impressionante de sombras e uma narrativa em preto e branco fenomenal, são um show por si só. Mesmo se o roteiro não fosse tão bom, valeria ler a saga pelas belas imagens. Felizmente, há um casamento perfeito entre texto e arte.

Mas o livro só serve para quem já é iniciado no épico que é Bone. Leitores de primeira viagem devem procurar o primeiro volume da Via Lettera, que não é difícil de encontrar. Ou optar por importar o livro com a saga completa, que sai mais barato do que completar a coleção brasileira.