BÓRGIA – SANGUE PARA O PAPA
Título: BÓRGIA - SANGUE PARA O PAPA (Conrad
Editora) - Edição especial
Autores: Alejandro Jodorowsky (texto) e Milo Manara (desenhos).
Preço: R$ 39,00
Número de páginas: 64
Data de lançamento: Julho de 2005
Sinopse: Em pleno Renascimento, Roma se encontra em uma fase de grande decadência. Sob o papado de Inocêncio VIII, a cidade é controlada por corruptos e tomada de pilantras de toda espécie.
Quando o papa morre, tem-se o ambiente perfeito para a ascensão de Rodrigo Bórgia no Vaticano. Não ser o preferido nem ter a maioria dos votos não é obstáculo para um político hábil em matar, caçar, perseguir, extorquir e humilhar.
No primeiro álbum da série Bórgia, se vê justamente as artimanhas de Rodrigo para, a despeito de sua vida desregrada e polêmica, conquistar o cargo de líder do Cristianismo - que, naquela época, significava praticamente um reinado sobre tudo que era conhecido.
Positivo/Negativo: Na verdade, desde o começo não tinha como dar errado.
O chileno Alejandro Jodorowsky é um dos artistas mais completos em atividade no mundo. Faz filmes geniais (como o celebrado El Topo), escreve romances arrasadores (Quando Teresa Brigou com Deus, lançado no Brasil pela Planeta), faz teatro, estuda tarô e ainda tem uma bela bibliografia de quadrinhos, em que a obra mais notória é O Incal, em parceria com Moebius.
Milo Manara é um ilustrador de tirar o fôlego. Ficou tão conhecido por suas mulheres absolutamente sensuais, que volta e meia se esquece do quanto se trata de um artista capaz de fazer absolutamente qualquer coisa, passando rigorosamente qualquer emoção pelo desenho.
O Renascimento, por sua vez, é um dos cenários mais ricos e surpreendentes de que se tem notícia na História. Lá convivem lado a lado gênios de toda e qualquer estirpe: política, pintura, literatura, astronomia, geografia...
Por fim, há os personagens: os Bórgia, a família que era praticamente dona desse cenário. Como nenhuma outra, reuniu poder, sedução, astúcia, ganância, bom gosto e elegância. Poderiam ser uma criatura de Tom Wolfe ou de Fellini. Mas foram reais.
E o grande golpe de mestre de Jodorowsky e Manara foi justamente tornarem essa história ainda mais poderosa que a verdadeira. Algumas pinceladas extras - não muitas, pelo que se sabe - potencializam a densidade do cenário e dos personagens. Inocêncio VIII sacrifica quem vê pela frente para tentar viver mais. Rodrigo Bórgia, na disputa pelo papado, mata e arranca o pênis de 150 rapazes, além de oferecer a própria amante e mãe de seus filhos a um cardeal.
Mas essas surpresas ajudam a dar força para a história, então nem cabe revelá-las todas aqui.
Fato é que Bórgia é uma obra-prima. E foi editada justamente como merecia: capa dura com delicada aplicação de verniz, papel couché, tradução cuidadosa e, diante de tudo isso, um preço justo. Um único puxão de orelha à Conrad: a ausência da informação de que se trata apenas do primeiro tomo da série; não há sequer o clássico "continua" na última página. E leitores menos avisados podem achar que a obra simplesmente terminou "sem pé nem cabeça".
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