BREAKDOWNS – RETRATO DO ARTISTA QUANDO JOVEM %@&*!
Editora: Quadrinhos na Cia. - Edição especial
Autor: Art Spiegelman (roteiro e arte).
Preço: R$ 79,00
Número de páginas: 72
Data de lançamento: Novembro de 2009
Sinopse
Algumas das primeiras histórias em quadrinhos produzidas por Art Spiegelman, ainda sob um cunho experimental.
Positivo/Negativo
Art Spiegelman é o autor da obra-prima das histórias em quadrinhos Maus.
Mas o leitor deve estar preparado para outro Art Spiegelman ao ler Breakdowns. Por várias razões.
A primeira delas: Breakdowns contém obras anteriores à publicação de Maus, inclusive uma primeira versão da história em poucas páginas. Outra razão é o tratamento gráfico.
Enquanto Maus é uma edição de formato pequeno, com centenas de páginas em preto e branco, Breakdowns tem 72 páginas coloridas, no tamanho 25,4 x 35,6 cm - que por um lado desaconselha a leitura no ônibus e por outro valoriza demais a arte e a diagramação de Spiegelman.
O álbum investe pesado no experimentalismo. A única narrativa que não é anterior a Maus é a que abre a edição e a resume. Lançando mão de repetição de quadros e textos em ordens diferentes, muita autobiografia e citações, essa primeira HQ é para ser apreciada com calma e atenção, e estudada por todos os quadrinhistas, que podem tirar dali valiosas lições de arte sequencial.
Spiegelman é um dos mais importantes quadrinhistas norte-americanos e seus experimentos de linguagem são instigantes. E a proposta do criador neste álbum é a ruptura. A ação psicológica, esparramada por uma diagramação funcional à narrativa.
O subtítulo da obra é referência direta ao primeiro romance publicado por James Joyce: Retrato de um artista quando jovem. A inclusão dos sinais gráficos '%@&*! ao seu final, que tradicionalmente representam termos chulos nas histórias em quadrinhos, já mostram muito do trabalho de Spiegelman: referência a obras clássicas, autorreferência, crueza e nenhuma piedade em pensar a si mesmo, e mescla de linguagens.
Tanto a experimentação quanto as referências estão presentes em Maus, mas, como o próprio Spiegelman define, lá elas são "invisíveis", enquanto em Breakdowns pulam ao centro do foco do leitor.
A produção de Art Spiegelman é um constante questionamento sobre sua vida e sua forma de fazer quadrinhos. É a arte de um mestre que entende não haver separação entre texto ou arte em uma HQ, mas, sim, unidade. E que não acredita ser possível criar sem repensar as formas.
A edição é cara, por conta de sua luxuosa encadernação e boa qualidade de impressão. É importante que o leitor saiba que o alto custo da edição é compensado pela qualidade do material e o seu conteúdo. Entretanto, não é um material como Maus, capaz de agradar quem nunca leu uma história em quadrinhos.
Os recursos, em maior ou menor evidência, são os mesmos. No entanto, a intenção do autor é outra, assim como o público a quem se destina. Mas que é um quadrinho bom para %@&*!, isso é.
Classificação: