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BREATHTAKER

Por Delfin
1 dezembro 2008


Autores: Mark Wheatley (roteiro) e Marc Hempel (arte).

Preço: US$ 14,95

Número de páginas: 200

Data de lançamento: 1994

Sinopse: Chase Darrow é acusada (e se sente responsável) pela morte de Paul Raymond. Fugitiva e detentora de um segredo mortal, começa a ser perseguida por uma misteriosa agência de inteligência, cujas ações de campo são comandadas pelo truculento herói astro de TV e da mídia, The Man™.

Positivo/Negativo: Pouco considerada pelos fãs, incensada pela crítica e nunca esquecida pelos profissionais de quadrinhos, Breathtaker (algo como "de tirar o fôlego") é uma história que surpreende do começo ao fim.

Para começar, a mistura específica de gêneros (fantasia e super-heróis) nunca deu exatamente bons frutos. Também a idéia de colocar uma quase "sereia-com-complexo-de-culpa" como heroína não parecia soar bem. Mas o fato é que, assim que a trama começa, é quase impossível não começar a sentir algo mais pela pobre Chase Darrow, que apenas quer uma vida tranqüila com todo o amor que ela possa dar.

Mas Chase (que significa "caçada" em inglês) não consegue dar, mas, sim, retirar. A moça consome, por meio de seu amor, a vida de todos que se envolvem fisicamente com ela.

E a existência dessa verdadeira súcubo moderna chama a atenção de uma agência de espionagem, que parece ter uma estranha conexão com Chase. O "cabeça" das operações é o único herói de ação do planeta, um troglodita que é quase a cara do anti-herói italiano Ranxerox, chamado apenas The Man™ (nome cuja abreviação é uma clara brincadeira com o símbolo inglês de marca registrada: TM).

Para complicar a caçada, esses dois estranhos poderosos se envolvem, juntamente com uma legião de antigos apaixonados pela jovem srta. Darrow.

O roteiro de Wheatley é envolvente e reserva muitas surpresas, mas o que obviamente chama a atenção é a arte impressionante de um talento emergente à época da minissérie de quatro partes, em 1990. Foi com Breathtaker que Marc Hempel conquistou o respeito de seus pares e a admiração de muita gente boa, incluindo Neil Gaiman, que fez a introdução deste encadernado.

Gaiman e Hempel trabalhariam juntos na penúltima saga de Sandman, Entes Queridos. E é uma arte do tipo "ame ou odeie". Mas amar é muito mais fácil: em Breathtaker, por exemplo, a expressividade de seu traço, levemente cartunesco, aliada à composição suave das páginas e às cores fortes e vibrantes (de Wheatley, por sinal), só faz com que a trama fique tão intensa quanto bela.

Este é um belo exemplo de conto de amor pouco convencional, no qual a descoberta final da personagem faz com que seja impossível ficar indiferente à busca de Chase, que, afinal, sempre esteve à caça de si mesma.

A importância da obra faz com que boa parte do material original da série (de roteiros a artes finalizadas, pré-computação) estivesse em exposição, até poucas semanas, no prestigioso Norman Rockwell Museum - que fica em Stockbridge, na casa em que Rockwell, conhecido por suas belas capas para o Saturday Evening Post, morou seus últimos 25 anos de vida.

Uma mostra de prestígio, num lugar à altura de uma das séries Vertigo mais ignoradas no Brasil. Uma obra de arte que, certamente, merecia uma chance no mercado brasileiro.

Classificação:

4,0

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