BREGANEJO BLUES
Editora: Pitomba - Livro de ficção
Autor: Bruno Azevêdo.
Preço: R$ 15,00
Número de páginas: 128
Data de lançamento: Outubro de 2009
Sinopse
Para melhorar as vendas de seus discos, a dupla sertaneja Adailton & Adhaylton simula a morte de um dos cantores. O "falecido" troca de sexo e planeja iniciar uma nova carreira, enquanto o outro continua fazendo sucesso e mantém um romance com a mulher do ex-parceiro.
Quando um deles é assassinado, entra em cena um taxista que costuma ganhar a vida como detetive particular.
Fã incondicional de Tex, famoso caubói dos quadrinhos, ele terá que desvendar um intrincado mistério que cheira a crime passional.
Positivo/Negativo
Diferente. Essa é a palavra que melhor descreve Breganejo Blues, "novela trezoitão" - assim definida no subtítulo da obra - escrita pelo maranhense Bruno Azevêdo.
A trama se desenrola na capital do Maranhão e mistura ação policial, traição conjugal, violência, assassinato, sexo, homossexualismo, escatologia, música brega, humor e quadrinhos para contar um estranho "caso de corno" investigado por um taxista que se formou no curso por correspondência de Bechara Jalkh (personagem real que costumava anunciar nos gibis de faroeste da Editora Vecchi, nos anos 1970 e 1980).
Contada na primeira pessoa, como manda o figurino das aventuras protagonizadas por detetives particulares, a história utiliza excertos de HQs do ranger Tex - do qual o taxista detetive é fã e em quem se inspira ao empunhar uma arma ou partir para a briga - e imagens de publicidades que antigamente povoavam as páginas das revistas do personagem no Brasil.
A capa do livro, com uma ilustração exclusiva feita pelo veterano mestre dos quadrinhos brasileiros Julio Shimamoto, reforça o clima de gibi que permeia a trama.
A narrativa textual também busca inovar. Os parágrafos não têm deslocamento da primeira linha e os blocos de textos são centralizados na página, como se fossem versos de poema, deixando longos espaços vazios ao redor.
Esse vazio é ainda mais gritante nas páginas em que há apenas um parágrafo composto por três ou quatro linhas curtas.
Outra ousadia estilística de Bruno Azevêdo, que certamente incomodará os puristas, está na forma como identifica quem é quem nos diálogos: a verbalização de um dos personagens é feita sempre com letras minúsculas, incluindo a da primeira palavra.
Mas, paradoxalmente, são todos esses inusitados artifícios visuais e textuais que tornam Breganejo Blues atraente e, ao mesmo tempo, são seu calcanhar de Aquiles.
Os quadrinhos e as reproduções de anúncios que salpicam o livro quebram o ritmo de uma leitura que já é fracionada pelos poucos textos em cada página.
Além disso, o ritmo frenético da narrativa apressa os eventos de uma forma que não dá ao leitor o tempo necessário para absorver os acontecimentos e criar intimidade com os personagens.
Isso se agrava em alguns trechos que emendam sentenças sem interrupção e misturam a narração com as palavras dos personagens. Nesse momento, é preciso ler mais de uma vez o parágrafo para compreender onde começa uma ideia e termina a outra.
O uso exagerado de palavrões e expressões chulas em quase todas as páginas também cria um clima de piada desgastada pela repetição.
E, entornando o caldo, há clamorosos erros de português.
No final das contas, Breganejo Blues é uma boa história que precisa apenas ser contada com menos pressa e mais apuro com as palavras.
Para entender melhor os detalhes da trama e se acostumar com o experimentalismo da obra, é aconselhável ler o livro mais de uma vez - apesar das 128 páginas, a leitura é rápida e nada cansativa.
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