BRICK BRADFORD # 10
Editora: Paladino - Revista mensal
Autores: W. Ritt (roteiro) e C. Gray (desenhos).
Preço: CR$ 2,50 (preço da época)
Número de páginas: 96
Data de lançamento: 1972
Sinopse
Atrás da porta de cristal - Assim que acorda de seu sono tranquilo e revigorante, Brick Bradford, antes mesmo do café da manhã, recebe uma missão urgente do sábio Timak.
O herói deve buscar o mais precioso de todos os espelhos, o Espelho da Lua, na distante e perigosa terra de Samar. Para tanto, é preciso atravessar a mística porta de cristal.
Positivo/Negativo
Começa-se a ler HQs na infância. Não são poucos os que, de fato, começaram a ler com os quadrinhos. E quando esta paixão vai além da primeira década de vida, durante a chamada pré-adolescência, o jovem leitor desenvolve interesse pela história das HQs.
Neste período, surge a curiosidade pela autoria das obras preferidas. Para este resenhista, por exemplo, foi um choque descobrir que Walt Disney não era o criador e nem o responsável pelos enredos e desenhos do Tio Patinhas. "Quem é este Carl Banks?"
Na vida adulta, o prazer de pesquisar diferentes aspectos da indústria das HQs acaba por se comparar ao próprio hábito da leitura. O olhar transforma-se e, consequentemente, a interpretação torna-se menos ou nada ingênua. Há quem afirme que só se curte mesmo uma HQ na infância, e que depois elas são lidas na esperança de resgatar as sensações de prazer que se teve outrora.
O sucesso de muitas adaptações de HQs para o cinema explora a nostalgia dos leitores, mas, por outro lado, alguns gibis "envelhecem" bem. Um bom exemplo é Asterix: a produção de Uderzo e Goscinny é atraente para qualquer idade. O mesmo pode ser dito de Hergé e seu Tintim.
Brick Bradford, para o leitor que começa a pesquisar a história dos quadrinhos, é uma referência quase reduzida a uma nota de rodapé. Aventureiro do espaço sideral surgido em jornais norte-americanos em 1933, também se envolvia em viagens do tempo ou por outras dimensões, e foi o precursor de uma maiores criações de todos os tempos no reino dos quadrinhos: Flash Gordon.
E isso é tudo o que muitos leitores brasileiros que eram crianças nos anos 1970 sabiam sobre esta criação de W. Ritt (roteiro) e C. Gray (desenhos). No princípio daquela década, a Saber lançou alguns álbuns do personagem, mas é raro encontrar essas edições.
Esta edição de Brick Bradford, publicada originalmente em 1943, foi encontrada num sebo e traz uma aventura divertidíssima. O prazer de lê-la hoje não se deve aos motivos originais, pois o enredo e a arte envelheceram incrivelmente. Mas nada disso coloca em xeque o talento da dupla de criação.
O herói loiro e apolíneo, que dá nome ao gibi, tem ao seu lado a noiva pudica (June) e um companheiro atrapalhado, o bigodudo Sandy. Brick e seus amigos vivem aventuras em terras exóticas e fantásticas repletas de monstros, ruínas de civilizações perdidas, oceanos que não existem nos mapas, mas que estão repletos de piratas sanguinários, supersticiosos e que falam uma língua derivada do sânscrito!
Esses velhos lugares-comuns devem ser entendidos em seu contexto original. O que se chama aqui de clichês, na época eram recursos narrativos e personagens herdados de outras linguagens artísticas, como a literatura pulp, o teatro popular e o cinema.
Personagens como Brick Bradford, Buck Rogers e Flash Gordon fundaram a indústria de HQs como ela é conhecida até hoje e, por isso mesmo, foram exaustivamente copiados ao longo de décadas.
Os dois "filhotes" mais evidentes de Brick Bradford são Martin Mystère e Indiana Jones. O que prova o quanto ele ainda é importante.
Classificação: