BUDA # 1 - NO REINO DE KAPILAVASTU
Título: BUDA # 1 - NO REINO DE KAPILAVASTU (Conrad
Editora) - Série mensal
Autores: Osamu Tezuka (roteiro e arte).
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 216
Data de lançamento: Janeiro de 2005
Sinopse: A saga Buda começa na Índia, há 3,5 mil anos. Nela, encontra-se um jovem brâmane que sai em busca de um ser predestinado a se tornar divino. Lá, fica sabendo da existência de Tahta, um pária com poderes místicos, e de um jovem escravo que se torna filho adotivo de um general de uma nação inimiga.
Esses acontecimentos, ainda que de importância para a história, são um cenário para o que está de fato acontecendo no reino de Kapilavastu: uma criança iluminada, prestes a vir ao mundo, faz com que tudo no mundo conspire a seu favor. Estiagens desaparecem, pragas paralisam exércitos invasores e animais selvagens passam a sorrir para os caçadores. É o jovem Buda que está para nascer.
Positivo/Negativo: Ler Buda é constrangedor. Osamu Tezuka é um gênio. Está no panteão, junto com Will Eisner, Winsor McCay, Bill Watterson, Charles Schulz e mais um punhado de autores que puseram os quadrinhos em um novo patamar. Mas, diferente dos outros, o maior criador japonês começou a ser publicado no Brasil apenas nesta década, em uma série isolada de oito volume da JBC, A Princesa e o Cavaleiro. Que, de fato, é linda e irrepreensível, mas serviu apenas de aperitivo para o talento monstruoso do seu criador.
Mais conhecido por aqui pelos seus desenhos animados, que chegaram a ser exibidos na TV aberta, e pela amizade com Mauricio de Sousa, Tezuka também teve sua biografia em quadrinhos editada pela mesma Conrad, que agora traz a série em 14 volumes Buda.
É sério: não dá para entender a demora. Até recentemente, Tezuka, o maior nome da história dos mangás, nem sequer tinha sido testado nas bancas e livrarias brasileiras - onde muito material de alto risco foi despejado nas últimas duas décadas. A própria biografia em quadrinhos parece material menos vendável.
De qualquer maneira, Buda está nas livrarias - e já chegou ao quinto tomo.
No primeiro, Tezuka planta as bases da história. O personagem-título nem aparece. Mas sua presença já é sentida por sintomas visíveis no reino de Kapilavastu: profecias, animais dóceis, exércitos desmobilizados - tudo indica que algo especial se aproxima.
E Tezuka tem o talento de envolver o leitor na história, a ponto de comprometê-lo com o milagre que se encaminha. Seu traço - e os olhos que faz, especialmente - parecem agir como a Fada Azul em Pinóquio: conferem alma aos desenhos. Parece que eles de fato reagem ao que está na página, como se ela se movimentasse.
É encantador de fato e, embora haja uma série de elementos (composição das páginas + diálogos equilibrados + desenhos expressivos...) para tornar esse efeito plausível, talvez seja melhor não decifrar a excelente fase de Tezuka em Buda, que está apenas no começo. A resposta da equação, aplicada a outro artista talentoso, dificilmente renderia uma obra de tamanho brilho.
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