BUDA # 10 – OS NOVOS DISCÍPULOS
Título: BUDA # 10 - OS NOVOS DISCÍPULOS (Conrad
Editora) - Série mensal
Autor: Osamu Tezuka (texto e arte).
Preço: R$ 19,90
Número de páginas: 232
Data de lançamento: Outubro de 2005
Sinopse: O imortal Ananda descobre-se possuído pelo diabo, que quer que o bandido enfrente Buda.
Mas, no caminho para a luta, Ananda encontra a jovem sudra Lihta, e se apaixona. O diabo sente que, com o amor no coração, o rapaz estará mais suscetível a Buda e exige que ele abandone a moça.
Positivo/Negativo: Quando Ananda encontra o diabo, ele brinca: "Esse é o problema deste mangá. Do nada, aparecem histórias paralelas, só para complicar o enredo."
A cena é só mais um exemplo de um recurso muito usado por Osamu Tezuka em Buda: a metalinguagem. O autor a utiliza com freqüência em todos os volumes, mas neste ela está presente em várias cenas.
Logo no começo, por exemplo, aparece um personagem que é um velho conhecido dos leitores do mangaká. É o simpático Higue-Oyaji, o Velho Bigode, recorrente em diversas de suas obras. Ele encarna o detetive Pampas, que em Buda recebe a missão de matar o imortal Ananda.
Ainda no primeiro capítulo do volume, o bigodudo brinca com nomes de mangás. E na página 34, interfere em seus próprios balões de fala. A riqueza da metalinguagem está justamente aí: é como se, por breves instantes, o mangá se tornasse autoconsciente.
Foi num desses momentos que Ananda disse que o excesso de histórias paralelas complicaria o enredo. E até poderia ser verdade: o mangá não se contenta em contar a vida de Buda, mas volta e meia foca nos personagens secundários por longos períodos, para então mostrar como eles chegam á vida do jovem iluminado.
Mas Tezuka é um narrador habilidoso. Em vez de confundir o leitor com suas histórias paralelas, consegue enriquecer sua saga ao apresentar os motivos de seus personagens e inserindo-os em um contexto. Então, tudo bem que o protagonista só dê as caras na segunda metade da edição - quando ele aparece, o leitor já entendeu todos os porquês.
Outro mérito do autor, já destacado nos reviews anteriores, é oscilar entre o humor e o drama. Neste volume, a transição é radical. O primeiro capítulo é leve e engraçado, mas o tom vai mudando até a dramática página final. No caminho, há cenas belíssimas, como a tentativa do diabo - retratado como uma sedutora mulher - de derrotar Buda.
Por fim, não dá para deixar de lado a beleza exuberante de vários desenhos riquíssimos de montanhas que Tezuka espalha pela saga. Só nesta edição, pode-se destacar o trabalho das páginas 20, 27, 66, 67, 74, 75. 76, 95, 116, 126 e 164. Sua vastidão usualmente funciona como uma forma brilhante de demonstrar passagem de tempo. E, ao mesmo tempo, serve de um descanso fabuloso para os olhos.
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