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BUDA # 14 – O FIM DA JORNADA

1 dezembro 2006


Título: BUDA # 14 - O FIM DA JORNADA (Conrad
Editora
) - Série mensal
Autor: Osamu Tezuka (texto e arte).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 232

Data de lançamento: Fevereiro de 2006

Sinopse: No fim de sua vida, Buda vê os sakyas serem derrotados e põe em questão tudo o que aprendeu e ensinou.

Mas, ao final, descobre a grandeza de seu conhecimento e, numa iluminação derradeira, vê que seu conhecimento pode de fato cumprir sua maior missão: mostrar às pessoas que sacrificar-se pelos outro vale mesmo à pena.

Positivo/Negativo: Depois de 14 volumes, eis o fim de Buda, de Osamu Tezuka. E, ao encerrar a último edição, o autor - uma das maiores forças criativas da história dos quadrinhos - escreve um brevíssimo posfácio contando o que o motivou a fazer a saga.

Revela que o motivo principal foi o cancelamento da revista COM, mais adulta, e uma proposta para continuar a série adulta Hi no Tori (Fênix, inédita no Brasil) em uma publicação voltada para o público infanto-juvenil. Tezuka preferiu iniciar uma nova história, que contaria a biografia de Buda de forma romanceada.

No texto, Tezuka revela que mexeu bastante na biografia do criador de uma doutrina que tem milhões de seguidores no Oriente e, de quebra, no mundo todo. Alguns dos personagens mais carismáticos saíram da cabeça do autor, entre eles, Mighella, Tahta, Assad e Yatara.

Mesmo os que são citados nas biografias de Siddhartha Gautama - Devadatta, Rei Prasenajit e Ahinsa - ganharam um novo tom sob seu pincel. O criador, que se revela "um seguidor muito pouco devoto do budismo", ainda diz: "Até mesmo as idéias e os ensinamentos dele sofreram umas pequenas modificações, ao estilo Tezuka."

E é justamente por esse ponto que, ao fim da série, vale a pena se parar um pouquinho.

Desde o começo, ficou claro para os leitores de Buda que o mangá era, em maior ou menor grau, uma fantasia. Ou, pelo menos, uma recriação bastante inspirada de um mito antiqüíssimo, que tem diversas versões contadas de formas que diferem bastante umas das outras.

Até mesmo a prática dos ensinamentos de Buda variam de acordo com a região em que são estudados - o que resulta em um punhado de vertentes do budismo espalhados pelo mundo.

Quando Tezuka diz que sua versão é ficcional, fica claro. Quando conta que distorceu um pouco as idéias e os ensinamentos, o leitor pode até acreditar - mas é bom levar esse trecho como uma salvaguarda para o autor. O fato é que há pequenas distorções, mas a essência (ou, como o próprio Buda diz, "sattva") do budismo está lá: o ser humano deve se sacrificar para evitar o sofrimento do outro.

O caminho não é nada fácil. No último volume, Buda entende isso com clareza. As lições por vezes são duríssimas. E ainda que a série não tenha a pretensão de ser um guia de iniciação, ao menos consegue passar esses ensinamentos de forma belíssima. A união de Tezuka e Siddhartha gerou uma poderosa obra-prima dos quadrinhos.

Por mais que Osamu Tezuka tenha conexões com o Brasil - seus animês passaram na TV nos anos 80, Mauricio de Sousa é um de seus entusiastas -, a publicação de sua obra ainda está em estágio inicial. Por enquanto, há apenas duas séries completas -Buda e A Princesa e o Cavaleiro (Editora JBC). A própria Conrad já anunciou Adolf, mas ainda restam dezenas de clássicos sensacionais para aparecerem por aqui. O "Deus Mangá" ainda é bem menos conhecido do que deveria.

Nesse cenário, é fundamental elogiar a Conrad não só pela publicação de Buda, mas também pela conclusão e pelo planejamento da coleção - lançada mês a mês, religiosamente, com boa tradução, formato de qualidade, papel bacana, capas bonitas e um volume realmente pequeno de erros de revisão. Ao fim de 14 meses, missão cumprida com louvor.

Com o encerramento de Buda, o Brasil tem mais um clássico dos quadrinhos completo nas prateleiras das livrarias e, espera-se, na casa dos leitores também.

 

Classificação:

4,0

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