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BUDA # 5 – O INÍCIO DA JORNADA

1 dezembro 2005


Título: BUDA # 5 - O INÍCIO DA JORNADA (Conrad
Editora
) - Série mensal
Autores: Osamu Tezuka (texto e arte).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 224

Data de lançamento: Junho de 2005

Sinopse: Siddhartha começa a questionar sua própria jornada. Por um lado, vê o sofrimento dos ascetas, enquanto reencontra o amigo de infância Tahta, transformado em ladrão e casado com Mighella, mulher que foi apaixonada pelo jovem príncipe.

Mas, ao mesmo tempo, encontra apoio no asceta caolho Dhepa e perseverança em uma criança ranhenta que quer ser monge.

A HQ é intercalada com a história de Devadatta, o filho da mulher que viria a ser a esposa de Bandaka. É um menino que, para sobreviver, mata quatro crianças. Condenado à morte, é salvo por um lobo e passa a viver como um animal - descobrindo que, na natureza, a linearidade dá espaço a ciclos.

Positivo/Negativo: Começa a terceira parte da saga de Siddhartha, o rapaz que vai se tornar Buda. E a obra de Tezuka passa a ganhar corpo e consistência.

Por um lado, o mangaká não fez um tratado espiritual. A princípio, soa tão distante de um livro sagrado quanto uma HQ de Carl Barks ou de Mauricio de Sousa. Sem sair da seara dos mangás, Vagabond tem mais jeito de sério com suas pinceladas de nanquim e seus bicos de pena do que o desenho ocidental e fofinho de Tezuka.

Mas a coisa não é bem assim, e uma primeira vista é apenas o que a própria expressão sugere: o começo da observação. E olhar além da superfície é um bom exercício. Nesse caso, revela uma obra densa e com um profundo significado filosófico e espiritual, ainda que tratada com singeleza e bom humor. Afinal, não é com sisudez que se mede densidade. Leveza e profundidade não se antagonizam na verdade - apenas é raro de se ver isso bem representado na ficção.

Neste quinto volume há discussões éticas sobre amizade, persistência, dor, trajetória, vida, morte, fé, assassinato e ética. Não são ensaios definitivos, claro, mas são belos pontos de partida ricos para reflexão, que podem render maravilhas - em especial, a história de Devadatta.

O universo de Buda é rico, mas Tezuka também colabora com isso, e não só como um roteiro em que se mostra um mestre, mas também nos desenhos, riquíssimos. Vide o contraste da delicadeza da roseira da página 29 com a agressividade da página 142.

Enfim, mais um volume, mais uma HQ irrepreensível e imperdível. Portanto, vale insistir: está caindo de maduro se lançar mais obras de Tezuka no Brasil. Esta é sua segunda série por aqui, e isso é só um pedacinho do trabalho incrível do japonês - tem muitos tesouros em sua quadrinhografia.

Classificação:

4,0

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