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BUDA # 7 - UM CAMINHO SOLITÁRIO

1 dezembro 2006


Título: BUDA # 7 - UM CAMINHO SOLITÁRIO (Conrad
Editora
) - Série mensal
Autor: Osamu Tezuka (texto e arte).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 208

Data de lançamento: Julho de 2005

Sinopse: A história é retomada com Siddhartha na floresta de Uruvella. Mighella está doente. O jovem príncipe faz de tudo para que ela melhore. Mas Dhepa - que não chega a ter a relação mais cordial do mundo com o colega - flagra-o chupando o veneno do corpo da moça e o acusa de não ser um asceta verdadeiro por encostar a boca em uma mulher "imunda".

Ainda assim, o jovem Buda a salva, fazendo com que Tahta entenda a grandeza de sua missão espiritual e o liberte da promessa de retornar ao reino para ser príncipe.

Mas se Siddhartha recuperou Mighella, ele não terá tanta sorte com o pequeno e iluminado Assad, seis anos depois. O garoto previu sua morte e sabe que ela é inevitável. Ver o amigo sábio se sacrificar deixando-se devorar por lobos famintos evolui, de novo, a forma de o Buda pensar, rompendo definitivamente com os ascetas de Uruvella.

Quem ressurge também é Sujata, que se declara apaixonada por Siddhartha. Mas fato é que o jovem não se deixa envolver, o que faz a moça forçar ser picada por cobras venenosas. À beira da morte, chamam o rapaz para salvá-la.

Siddhartha entra no corpo da garota, como fazia quando era criança com os animais, e encontra de novo o sábio velhinho daqueles tempos. Desta vez, ele revela seu nome: é Brahma. O deus da criação dos hindus conta ao rapaz que o universo todo é um único ser vivo.

Depois da visão e de salvar Sujata, Siddhartha tenta meditar, mas é interrompido por Dhepa, que anuncia que o reino de seus pais foi destruído.

De fato, o rei Prasenajit, de Kosala, descobriu ter sido enganado pelos sakyas. Ele se casou com uma escrava travestida de princesa. Com o passar dos anos, o príncipe Lazúli, filho do casal, cresceu e, ao entrar na escola, foi desmascarado, o que motivou a batalha. O ataque foi uma vingança.

E Siddhartha, angustiado, encara um dilema: volta a assumir suas responsabilidades humanas e vai ajudar seus pais e sua esposa ou retoma a vida espiritual?

Positivo/Negativo: Buda, de certa forma, tem lá seu jeito de Smallville. As duas séries mostram a formação de seus protagonistas. Mas a proposta é encerrar a história justamente quando os personagens principais assumirem o papel que lhes é esperado. Todo mundo sabe qual o final de ambas, e esse é o seu maior apelo. Clark vira Superman, um ícone da cultura pop ocidental que vem contagiando o Oriente. Siddhartha se tornará o líder espiritual mais importante do Oriente, criador de uma religião (ou filosofia, dirão alguns praticantes) que se difunde cada vez mais no nosso mundo.

É curioso ver que, neste momento, as duas séries cumprem o papel de difundir seus personagens no lado do mundo em que a outra nasceu, comprovando que o planeta está, ao mesmo tempo, mais homogêneo, mas também mais rico de histórias.

Há 20 anos, a história de Buda por aqui era para iniciados ou estudiosos. Hoje, está no Brasil em formato de mangá, em livrarias e bancas de jornal, com uma narrativa deliciosa e cativante, elogiada exaustivamente até mesmo por veículos nada especializados em quadrinhos.

E, como série dedicada aos anos de formação, o protagonista passa por desafios dos mais diversos - em Smallville, para comparar, Clark acaba de perder seu pai e começa a enfrentar seu ex-melhor amigo, Lex Luthor. São dificuldades desse tipo que moldarão a personalidade e o caráter de Siddhartha, de forma que, quando vire Buda, ninguém duvide que ele não é merecedor.

O sétimo volume da série traz uma boa quantidade de provações:

w Ele sorve, a despeito do preconceito dos demais ascetas, em especial Dhepa, a doença do corpo de Mighella. Tanto que é enterrado vivo pelos colegas para se purificar, algo que soa mais como vingança e inveja do que exatamente como um exercício ortodoxo.

w Ele assiste à morte de Assad (na linda seqüência entre as páginas 52 e 60).

w Ao entrar no corpo de Sujata, encontra Brahma e conhece os segredos do universo, em uma daquelas seqüências arrebatadoras de Tezuka (páginas 94 a 108).

w É posto à prova ao ter que escolher entre ajudar a família e apostar na vida espiritual.

Depois de focar em Siddhartha, a história parte para dois capítulos sobre a conquista do reino de seus pais. No primeiro, vê-se o que o rei Prasenajit, de Kosala, fez para desmascarar a esposa. Em seguida, a trama passa a mostrar a relação do gigante Yatara (uma espécie de Hulk mitológico) com o príncipe Lazúli.

Ainda é bacana destacar um momento divertido deste volume, que mostra a capacidade de Tezuka de misturar tragédia e comédia o tempo todo. É justo na página 36, quando, depois de Assad revelar o segredo para não se temer a morte ("O segredo é não se pensar em nada"), começa um festival de bobagens tão grandes que o próprio autor aparece num cantinho de quadro para avisar que aquilo não tem nada a ver com a biografia original.

São momentos assim, de inalcançável candura, que transformam Buda em uma obra-prima.

 

Classificação:

4,0

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