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CAPTAIN AMERICA - RED MENACE - VOLUME 1

1 dezembro 2008


Autores: Ed Brubaker (roteiro); Mike Perkins, Javier Pulido, Marcos Martin e Frank D'Armata (arte e cores).

Preço: US$ 11,99

Data de lançamento: 2006

Sinopse: Ossos Cruzados seqüestra Pecado, que estava presa numa das bases da S.H.I.E.L.D., e a tortura, para que ela recupere a memória de sua verdadeira identidade.

Mais tarde, a dupla irá aterrorizar várias cidades norte-americanas na busca de informações sobre o assassino do Caveira Vermelha.

Ao mesmo tempo, Sharon Carter e o Capitão América partem em busca dos vilões e encontram não os assassinos, mas também a I.M.A., os rastros de Bucky e outros mistérios conectados com o passado e Nick Fury.

Positivo/Negativo: Captain America - Red Menace - Volume 1 reúne as histórias publicadas no números # 15 a # 17 da série e a edição especial de 65 anos de aniversário do personagem.

Este é efetivamente o segundo arco de Ed Brubaker na revista do Capitão América, depois que o escritor ressuscitou Bucky Barnes e o transformou no Soldado Invernal.

Brubaker continua a refinar e explorar os elementos mais interessantes da cronologia anterior do Capitão América. Neste volume, em particular, o foco recai sobre a dupla de vilões Ossos Cruzados e Pecado.

Ossos Cruzados foi um dos personagens de maior potencial - e muito pouco explorado - a surgir na revista original do Capitão América. Foi criado em 1989, por Mark Gruenwald e Kieron Dwyer, durante a saga do rubi Bloodstone (mais precisamente em Captain America # 359), uma aventura divertida envolvendo o Barão Zemo, Zaran, Machete e Batroc.

Embora o Capitão América tenha uma enorme galeria de vilões, poucos estão à altura de enfrentar Steve Rogers num combate corpo-a-corpo, e um número ainda menor deles é capaz de deixar o leitor inseguro quanto ao resultado desta luta.

E este é o papel que Ossos Cruzados executa com precisão. Ele é um assassino frio, metódico, sem escrúpulos ou valores morais, leal apenas ao Caveira Vermelha, e um grande lutador. Um inimigo perfeito para o Capitão América.

Embora todos esses elementos já estivessem presentes nas aventuras em que Ossos Cruzados enfrentou Steve Rogers, a década de 1990 foi um período de decadência para o Capitão América e resultou no cancelamento de seu título em 1996 (na edição # 454).

Depois de três tentativas, o título voltou a se firmar nas mãos de Ed Brubaker, que reconheceu o potencial e o papel de Ossos Cruzados dentro da macro-estrutura existente nas histórias do Capitão América.

Em Red Menace, Ossos Cruzados brilha como a faca que ele usa para torturar suas vítimas. Neste caso em particular, a vítima é Synthia Schmidt, uma jovem adolescente que é, na verdade, a filha do Caveira Vermelha reprogramada pela S.H.I.E.L.D. para acreditar que possuiu outro nome, outra vida e outro passado.

Ed Brubaker faz da tortura sádica e brutal um instrumento de flashback para reconstituir as peças importantes do passado extremamente complicado - que se estende por um período de 15 anos - da personagem.

A jornada dá luz a uma nova Pecado, adequada à nossa época e ao enredo em desenvolvimento.

Juntos, Ossos Cruzados e Pecado são como uma versão em quadrinhos de Mickey Knox e Mallory, personagens de Assassinos por Natureza (Natural Born Killers), filme de Oliver Stone, interpretados por Woody Harrelson e Julliette Lewis.

Eles cruzam o coração da América causando uma trilha de destruição aparentemente sem sentido. Estão, na verdade, procurando atrair a atenção dos outros, sejam eles cientistas da I.M.A. (Idéias Mecânicas Avançadas) ou agentes da S.H.I.E.L.D., na busca da identidade do assassino do Caveira Vermelha, resposta que é já é de conhecimento do leitor que acompanha a série.

Mas a aventura tem outro propósito para o escritor: serve para dar vida a esses personagens. Assim, o leitor tem a chance de criar um vínculo emocional, seja ele qual for, com os vilões, que continuarão a desempenhar um papel importante na trama que continua a se desenrolar.

Este é um fator importante, pois Ossos Cruzados e Pecado, em breve, estarão ao lado de personagens de mais renome e significado, como o Caveira Vermelha, o Doutor Faustus e o geneticista Arnim Zola.

Lida isoladamente, fora do contexto das edições anteriores (e até das que se seguem, afinal o material foi originalmente publicado em 2006, e saiu no Brasil em 2007, na revista Os Novos Vingadores), esta é, sem dúvida, uma aventura menor.

Entretanto, a leitura cresce dentro da seqüência apropriada, fato que só ressalta a prática comum atualmente dentre os roteiristas americanos, de "escrever para os encadernados", visando às vendas posteriores das revistas transformadas em formato livro, muito mais sedutor para o fã.

Para o Sentinela da Liberdade e sua companheira, Sharon Carter, a Agente 13, a história é um respiro dentro da correria dos eventos anteriores. A pausa funciona para reacender o relacionamento deles, e ainda ecoa um romance do passado de Bucky, que será explorado na edição especial que encerra o volume (um retorno à Segunda Guerra, numa aventura do Capitão e Bucky juntamente com Nick Fury e seus Comandos Selvagens).

Embora este encadernado não seja um dos pontos altos do atual trabalho de Brubaker no Capitão América, ele funciona como escada emocional para os eventos seguintes.

O leitor ocasional das aventuras do herói certamente está achando tudo confuso, complicado ou até mesmo lento, pois se Brubaker peca ao não oferecer sagas mais enxutas (algo recorrente com todos os escritores de super-herói da atualidade), se redime em longo prazo, criando uma história recompensadora, surpreendente (em alguns momentos) e divertida.

O desenho realista de Mike Perkins é boa e cumpre a dupla função de não deixar a peteca cair e de servir como intervalo para o trabalho de Steve Epting, dando tempo para o artista avançar com o traço de outras edições.

Também funciona como contraste com o material mais leve do final, cuja arte estilizada remete não apenas a um passado mais simples, de inimigos mais evidentes, mas também ao próprio estilo da década de 1960, quando a Marvel explorou bastante as aventuras da Segunda Guerra, tanto com Nick Fury, quanto com os Invasores e em vários flashbacks do Capitão América.

A edição traz pouquíssimos extras, que se resumem à reimpressão das capas originais e a um dos esboços de Mike Perkins para a nova concepção visual de Pecado. O volume não possui nem mesmo uma introdução ou sumário das histórias anteriores.

Classificação:

4,0

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