A exemplo de boa parte dos outros volumes de Clássicos da Literatura Disney, este vem com uma seleção maior de histórias, com mais diversidade de estilos de roteiro, desenhos e autores.

Os destaques começam pela capa cartonada e com detalhes em verniz, que traz uma ilustração icônica exclusiva para a edição, assinada pelo brasileiro Carlos Mota (desenhista de HQs da turma de Patópolis para a editora europeia Egmont).

A primeira história da edição, a italiana Diário dos antepassados - Daisy Holmes e a história de Sherlock Holmes, escrita por Claudia Salvatori e desenhada por Stefano Intini, não é inédita no Brasil - já saiu por aqui em 1996.

Mas é sempre uma boa pedida ler essa bem bolada HQ que mostra Arthur Conan Doyle ainda criança, aprendendo com sua professora particular (interpretada pela Margarida) os primeiros conceitos de investigação dedutiva que, na vida adulta, o inspirariam a criar Sherlock Holmes, seu mais conhecido personagem.

Até mesmo a arte de Intini, que nessa aventura está menos intragável do que de costume, não conseguiu prejudicar o roteiro.

Em seguida, O cão de Basketville, sátira a O cão dos Baskersvilles, tem Mickey no papel de Sherlock e Pateta encarnando o Dr. Watson, com a participação de Gastão e Pluto (no papel do "cachorro-fantasma"). Desenhada por Tony Strobl, a HQ foi produzida em 1965 e reeditada várias vezes no Brasil.

Na sequência, o impagável "maior detetive de Londres", Sir Lock Holmes (com seu indefectível cabelo de Oscar Wilde), novamente confrontando a gangue do Professor Nefárius, garante boas risadas em Piratas modernos, de Carl Fallberg (texto) e Jaime Diaz Studio (desenhos), publicada pela primeira vez em 1981 e também com outras passagens pelas edições brasileiras.

Os detetives mirins, com roteiro e arte de Carl Barks, dispensa comentários, assim como O mistério da opala (de Gorm Transgaard e Miguel Fernandez Martinez), em que o Professor Pardal usa uma máquina do tempo para transportar Sherlock e Watson a Patópolis, rende uma boa leitura.

E O mundo perdido fecha a edição com chave de ouro, desfilando
muita ação e humor, emoldurados pela sensacional arte de Giorgio Cavazzano.
Mas a aventura de mais de 80 páginas, que tem a participação de Tio Patinhas,
Donald, Irmãos Metralha e Professor Ludovico, mostra que, na "Velha Bota",
os roteiristas às vezes conseguem pegar o jeito de trabalhar o Peninha.

Há também uma incorreção na HQ, quando aponta o ano 1895 como pertencente ao século passado.

E vale ainda destacar os textos explicativos que abrem esta edição, escritos por Júlio de Andrade Filho (ex-quadrinhista do saudoso Estúdio Disney da Editora Abril), com um histórico sobre Arthur Conan Doyle e suas obras e informações sobre as HQs publicadas neste volume.

Ao final da última página, fica fácil deduzir que esta é uma das melhores edições da coleção Clássicos da Literatura Disney.

Mas isso é elementar, caro leitor.