O texto introdutório de Júlio de Andrade Filho mostra o quanto os três romances satirizados nesta edição já foram (e continuam sendo) adaptados para cinema, TV, rádio, teatro e desenho animado.

Os quadrinhos, claro, também estão nessa lista e muitas vezes se valem do humor para recontar essas tramas que ainda rendem boas histórias, como podem ser definidas as que constam deste volume de Clássicos da Literatura Disney.

As duas primeiras satirizam O médico e o monstro (nome pelo qual é mais conhecida a obra O estranho caso do Doutor Jekyll e Mister Hyde).

Em O estranho caso de Mickey Jéquil e Mister Mike, dividida em dois capítulos, estão de volta os divertidos cientistas Dr. Zapotec e Dr. Marlin, que novamente contam com a ajuda de Mickey e Pateta para outra missão no passado - e desta vez descobrem que Robert Louis Stevenson se inspirou na troca de personalidades do camundongo (ocasionada por um defeito na máquina do tempo) para escrever uma de suas mais conhecidas obras literárias.

Para quem nunca imaginou ver um Mickey sacana e desordeiro, esta é a oportunidade.

Na sequência, a HQ que leva o mesmo nome da obra de Stevenson é bastante insossa. A adaptação mostra um antepassado do Donald que, ao beber um líquido cuja fórmula criou inadvertidamente, se transforma em um sujeito extremamente generoso.

Mas Duelo titânico volta a elevar o nível da edição. Estrelada por Superpato e Morcego Vermelho (um crossover não muito comum de se ver), a história produzida na Itália apresenta os dois heróis patopolenses às turras com um cientista maluco e sua criatura monstruosa.

Ao contrário do que se espera em uma aventura do Superpato, esta não mostra o paladino da justiça em situações heroicas. Pelo contrário, o humor é que dá o tom. E não poderia ser diferente, toda vez que o Morcego Vermelho (alter ego do parvo Peninha) resolve "ajudar" alguém.

Fechando a edição em grande estilo, a ótima Aventura na Transilvânia mistura ação e mistério com o humor característico que se espera das HQs em que Tio Patinhas enfrenta, ao mesmo tempo, os Irmãos metralha e a Maga Patalójika, com o Pato Donald perdendo as penas no meio disso tudo.

Além do roteiro no melhor estilo "terrir", a arte de Massimo De Vita - muito semelhante à do mestre Disney Giorgio Cavazzano - é uma atração à parte.

Ao final, o leitor não apenas conhece um pouco mais sobre três grandes autores (e suas criações) da literatura mundial, mas possivelmente também sentirá o desejo de conferir as obras originais que inspiraram as histórias em quadrinhos desta edição.

Quem disse que HQ não é cultura?