Somente duas histórias desta edição são propriamente paródias de obras clássicas literárias. As outras são baseadas em fatos que inspiraram livros famosos.

O grande motim trata da revolta dos marujos do navio mercante Bounty, no final do século 18.

A sátira utiliza muitos detalhes históricos e apresenta uma aventura de piratas que empolga apenas pela ação frenética (há vários painéis com cenas de luta tomando metade da página), pois os desenhos de Sergio Asteriti, mesmo reproduzindo bem a iconografia da época em que se passa a HQ, pecam na aparência esquisita de alguns personagens - principalmente o corpo do Mickey.

Já Cyrano de Patorac é tão sem graça, do roteiro aos desenhos, que a melhor parte é quando aparece o círculo com o nome "fim" no canto da página.

E O Fantasma da Ópera, única da edição inspirada em uma obra literária, tem uma trama romântica bobinha que, na melhor das hipóteses, acaba se tornando simpática.

O final da história, desconcertante de tão brega, mostra até uma cena rara nos gibis Disney: um beijo na boca entre Mickey e Minnie, embora somente uma silhueta perdida no meio da imagem principal do quadro permita ao leitor presenciar o momento "o amor é lindo" do casal de camundongos.

A salvação deste volume de Clássicos da Literatura Disney é Expresso do Oriente, aventura detetivesca com Mickey e Minnie durante uma viagem de Paris a Istambul, a bordo do famoso trem que dá título à HQ.

O rato detetive desvenda dois mistérios - um roubo forjado e outro que acontecera havia mais de 20 anos - e, com a astúcia que lhe é peculiar, ainda derrota uma quadrilha de assaltantes. Tudo isso sem sair do trem.

O grande barato da trama, no entanto, são as referências nominais a personalidades e fatos marcantes que fazem parte da centenária história do Expresso do Oriente, que se tornou mundialmente famoso ao virar cenário de um dos mais conhecidos romances policiais de Agatha Christie.