Bangue-bangue "à disneyana" não é novidade.

No Brasil, para citar apenas um país que criou muitas dessas histórias, o personagem Pena Kid é o maior representante das HQs em que a turma de Patópolis vive aventuras no Velho Oeste norte-americano.

Mas as que compõem este volume de Clássicos da Literatura Disney trazem algo a mais. As quatro são essencialmente histórias de faroeste que, "por acaso", têm os personagens de Walt Disney como protagonistas.

Como mestres nesse gênero de quadrinhos, não se esperaria menos dos artistas italianos que as produziram.

As HQs - principalmente as três do Mickey, escritas por Giorgio Pezzin (sem dúvida, um dos maiores roteiristas Disney de todos os tempos) e desenhadas com mestria por Massimo De Vita - não apenas se valem dos cenários e elementos marcantes daquele período histórico dos Estados Unidos, mas também convencem como tramas de época.

É claro que os característicos elementos violentos do faroeste são minimizados nestas aventuras. Mas, se não há sangue e morte e as torturas se limitam a pisadas no calo do pé, também não falta nelas o que todos esperam das histórias de western.

As agruras dos pioneiros que povoavam o Oeste bravio dos Estados Unidos. Emboscadas perpetradas por salteadores ou pistoleiros mercenários. Cerco de índios contra caravanas. Concorrência entre as companhias ferroviárias, às vezes com efeitos criminosos. Caubóis solitários. Duelos ao meio-dia. E muita bala voando por todos os lados. Tudo isso tem de sobra nesta edição.

Há até os finais em que o herói segue a cavalo trotando em direção ao sol poente, deixando para trás alguém que exprime em pensamento a sua admiração por ele.

São assim as três histórias estreladas por Mickey, interligadas pela busca do camundongo por Clementina (Minnie), o amor que desaparecera de sua vida.

Somente na melhor dessas aventuras, A lei do Velho Oeste, que fecha a edição, o leitor descobre o que há por trás desse relacionamento interrompido.

Mas o camundongo chega ao final tão solitário quanto antes.

Com um pouco de imaginação, dá para ouvi-lo partir cantarolando "I'm a poor lonesome cowboy... and a long way from home" (canção que marca a despedida de Lucky Luke em suas aventuras).

E, atrás dele, a torcida para que volte a protagonizar HQs tão bacanas quanto estas.