CLIC # 1
Título: CLIC # 1 (Conrad
Editora) - Edição especial
Autor: Milo Manara (roteiro e desenhos).
Preço: R$ 23,00
Número de páginas: 56
Data de lançamento: Março de 2006
Sinopse: Claudia Christiani é uma linda, frígida e casada socialite que desperta o interesse de um certo doutor Fez.
Repugnante aos olhos da mulher, ele resolve se vingar da humilhação de sucessivas propostas recusadas e cria um aparelho curioso: a um simples "clic", toda mulher vira uma descontrolada ninfomaníaca, sedenta por sexo e totalmente despida de pudores e inibições.
Claudia passa a sofrer os efeitos da máquina, com as mais diversas e improváveis conseqüências.
Positivo/Negativo: Milo Manara ganhou atenção internacional com esta obra, um de seus grandes clássicos. As obsessões do autor começam efetivamente aqui.
O destaque óbvio é o "controle remoto perverso". Manara choca o leitor ao mostrar que qualquer um em poder da máquina perderia os escrúpulos - quem não se solidariza com as ações vis de doutor Fez, ao imaginar secretamente o que faria de posse da libidinosa máquina?
Uma das características do autor italiano é esta, a de explicitar ao seu público que perversões não são frutos de mentes doentias, mas de momentos e acasos, a que todos estão sujeitos. E isso tudo com humor, elegância, clareza e um desenho personalíssimo e extremamente bonito.
Também impressionam as cores, pálidas e expressivas: no começo da narrativa, tons pastéis - que irão tornar-se cada vez mais contrastantes e vivos, até uma orgia de cores claras e, afinal, um claro e calmo encerramento.
A grande falha de Manara é o roteiro. Não pela poesia vulgar do conflito erótico, mas pelo desenvolvimento repleto de falhas de coesão e coerência. O final abrupto é eficiente, mas não funciona se observado no contexto da trama engendrada pelo artista italiano. Há um enorme erro próximo do desfecho, que compromete toda a estruturação do texto.
Naturalmente, os desenhos compensam qualquer problema, já que a intenção de Manara parece ser exatamente esta: contar uma inusitada história visual, com um notável interesse de narrador pictórico. Suas mulheres são lindas, com movimentos, trajes e gestos provocantes, seus cenários são ora bucólicos, ora claustrofóbicos - fechando-se em sua própria arquitetura -, seus coadjuvantes, animais, objetos, tudo perfeitamente no lugar, dando o tom de ambientação crível.
Manara renovou-se e renova-se a cada obra. Clic é talvez a mais famosa, mas está longe de representar a quintessência de seu traço ou de suas idéias. É um começo promissor, até mais do que isso. E uma história divertida e cruel, que fica na memória e encanta por suas próprias deficiências.
Claudia Christiani e o aparelhinho que lhe condiciona as ações sexuais voltariam a dar o ar da graça em álbuns posteriores, para deleite dos apreciadores do trabalho mestre italiano da HQ erótica.
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